sábado, 17 de dezembro de 2011

De bem

Henry Miller me irritou. Um boêmio totally on drugs, meio chato, chapado demais. Aí eu tentava seguir seu raciocínio, lógico que não rolava. Tentava então seguir suas imagens, e entre uma linha e outra pronto, tudo se misturava - tô muito sóbria pra isso.

Então, ele me irritou. Deixei de castigo um bom tempo. No banheiro, olhando pra parede. Daí um dia resolvi dar mais uma chance pro dito cujo... e finalmente nos alinhamos!

Não é o escritor que eu esperava. Tem uma falsa profundidade que mais agride do que surpreende. Estava esperando um homem que quebrasse muitos paradigmas sobre a visão do corpo na sociedade, e encontrei um pândego que se acha livre por não ter nada nem ninguém. Em Paris, claro. Porque em Nova Iorque ele era casado.

O único motivo que vejo para este livro ter sido banido por tantos anos nos Estados Unidos (ah... o moralismo americano!) é porque ele não usava de eufemismos para descrever seu estilo de vida. Trepava, roubava, passava fome... e trepava de novo, já que não estava fazendo nada mesmo.

Entre uma trepada e outra até rolava umas tentativas de filosofia, tipo quando tenta se excluir da classe dos seres humanos:

"Se sou inumano é porque meu mundo transbordou das fronteiras humanas, porque ser humano parece uma coisa pobre, triste, miserável, limitada pelos sentidos, restrita pela moral e a lei, definida pelos lugares-comuns e pelos ismos. Eu derramo o suco de uva na minha garganta e encontro nele sabedoria, mas minha sabedoria não nasce do suco da uva, minhas embriaguez não deve nada ao vinho." (p. 236)

Mas, sei lá, pra mim é muito pouco pra todo esse barulho em volta do autor.

Ouvi dizer que na época da ditadura o livro foi censurado por aqui também... porque a gente somos tudo paga pau dos americanos, deve ser este o motivo...

Trópico de câncer
Henry Miller
Ed. José Olympio
290 páginas

4 comentários:

  1. Minha querida se não estiver engana ele está no limiar entre moderno re pós-moderno...
    Por isso a falta de profundidade entre outras coisas que você fala ...
    Saudades
    Precisamos nos ver, berber e escrever para o fanzine que já rolou o número um o que acha?

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  2. Li ele a um booom tempo atrás (lá se vai quase uma década, entrando na adolescência), me lembro que achei bem marcante.
    No fim das contas, não tem tanta complexidade assim, mas me marcou pela honestidade brutal dele, inclusive quanto a si mesmo, que deve ter feito um carnaval na América dos anos 30.

    P.S.- Me lembro que custei a me achar no livro, graças ao jorro de escrita dele, só fui começar a me orientar com os quem, quando e onde, lá pela trigésima página, parecia que tinha pego um livro já pelo meio.
    Tem um sujeito bem legal que escreve da mesma maneira, o Chuck Palahniuk.

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  3. Monicat´s, não creio que já rolou o número 1 do zine e vc nem me chamou!!!!! Desoleé!!!!

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  4. Oi Fábio!
    Então, como fui ler já mais velhinha ele não me surpreendeu tanto. Ele é realmente bem bruto... rs
    Beijo!

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