sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Pega essa rolha e... deixa pra lá

Eu e essa vibe de ler sem parar... ando lendo até livro ruim. Ruim, ruim, ruim.

Eu iria fazer a resenha, aí resolvi nem perder meu tempo com isso, depois mudei de ideia e agora que comecei a escrever decidí só falar mal mesmo. Porque, né, tenho obrigação moral e cívica de prevenir as almas que gostam de ler... tanta coisa pra ler e o mundo não pode perder tempo lendo coisa ruim. Ruim, ruim, ruim.

Peor é que na orelha o autor é comparado com D. Agatha e Seo Conan Doyle... empáfia.

Imagina a minha ansiedade em ler um cara do nível dos criadores de Poirot e Sherlock Holmes. Agora imagina minha frustração ao ler uma estória sobre uma rolha. E que no meio se descobre que não é essa rolha, é outra. E mais pro final se descobre que a rolha nem era grande coisa. Na verdade o que importa é outra rolha.

Não precisa imaginar, eu mostro. Essa era a minha cara ao terminar o livro:


O autor tentou fazer uma estória brilhante de mistério, mas só conseguiu pintar o protagonista como um ser muito burrinho, manipulado o tempo todo pelo antagonista - o dono da rolha. E por que todo mundo queria uma rolha?

Digo-lhes: dentro da rolha tinha uma lista com o nome de 27 corruptos do governo. Assinado com sangue. Porque além de canastrão o autor tem uma veia dramática.

Ai que preguiça.

A rolha de cristal
Maurice Leblanc
Ed. Nova Fronteira
208 páginas

Divino


Não é lindamente lindo?

Dá até pra acreditar em Deus.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Teatrinho

Minha vida anda tão sem graça que estou lendo livros como você bebe água...

Este aqui da D. Agatha foi lido em um dia. Como atenuante digo que foi um dos primeiros que li da autora, e me impressionou bastante - logo me lembrava de muitos detales da estória.

Tem um clima meio depressivo... o que é muito legal! É por essa "aura" que posso dizer com segurança que D. Agatha faz literatura. Tem que ser muito macho pra criar clima somente com palavras.

O dono da bola é uma família inteira. Uma daquelas bem inglesas, se é que me entendem. Sabem aqueles clichês básicos?  Frios, tradicionais e distantes? São os Angkatell. Não dá pra exaltar nenhum personagem específico, todos têm uma particularidade marcante e um papel importante no decorrer dos fatos.

Num final de semana na mansão Hollow um deles é assassinado. Bem na hora em que Poirot chega para o almoço! Que de - sa - gra - dá - vel. Ele fica com aquela sensação de que foi tudo encenado, que é uma brincadeira sem graça... e.... uuuuuuuui o Guaratinguetá quase fez gol agora!
Desculpem. Futebol me desconcentra. Voltemos.

Então a família se une para se proteger. Eles sabem quem matou e enganam a polícia, e o mais difícil, tramam o plano perfeito para enganar nosso detetive preferido. Daí veio aquela sensação de teatro que ele teve ao se deparar com o morto na beira da piscina.

Dessa vez não vale porque eu me recordei de quase tudo da estória; mas lembro que da primeira vez quebrei a cabeça e não descobri o assassino.

E sabe o que é mais legal (ou aterrorizante, não sei bem)? Tem uma personagem que é a minha cara! Olha essa passagem:

(...) - A gente faz coisas tão curiosas. Outro dia de manhã, eu tirei o fone do gancho e me peguei olhando para ele um tanto assustada. Não conseguia imaginar o que eu queria com aquilo.
- Presumivelmente ia telefonar para alguém - disse o inspetor friamente.
- Não, isso é que é o mais engraçado, não ia. Depois me lembrei: estava querendo descobrir por que a Sra. Mears, a mulher do jardineiro, segura o bebê de maneira tão esquisita, e aí peguei o fone para tentar, bem, ver como se segura um bebê, e é claro que percebi depois que me parecera estranho porque a Sra. Mears é canhota e a cabeça do bebê fica do outro lado.
Olhou, triunfante, de um para o outro.
"Bem", pensou o inspetor, "acho que é possível existirem pessoas assim." (p. 221)

Caramba, eu sou a Lucy Angkatell!!!

A mansão Hollow
Ed. Nova Fronteira
308 páginas
Nota: 8/ 10

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Por isso é sombra

Putz... então, né. Todo mundo falando, comentando entusiasticamente sobre o livro. Comprei e foi pra pilha dos encalhados.Eis que 2.012 é o ano de desencalhar os encalhados e resolvi resgatar o tal do livro comentadérrimo.

Então, né. Fãs entusiastas de "A sombra do vento", convido-os a parar de ler esta resenha por aqui. Não há de ser agradável e não tô a fim de perder o leitor!

Então, né. Resumindo, a grande sacada do autor foi pegar um romance tipo Sabrina, tirar as partes chulas e prolongar a estória o máximo possível. Muito cruel de minha parte? Um pouco. Mas é que me irritou deveras essa paixonite adolescente me arrastando por trilhas óbvias. Na página 166 (o livro tem 399) eu já entendi tudo. Pra que mais duzentas páginas?

Dito isto, vamos a resenha.


Daniel, filho de livreiro, é levado pelo pai a um lugar mítico conhecido como Cemitério dos Livros Esquecidos. Aparentemente é uma biblioteca gigantesca onde os guardiões escondem livros de todos os tempos, mantendo viva a literatura mundial. Cada vez que um membro é levado ao lugar, ele tem direito a escolher um dos exemplares pra sí. Daniel escolhe "A sombra do vento", de Julián Carax. Se apaixona pelo livro e, como todo apaixonado por livros, sai atrás de outros títulos do mesmo autor (coisa que não vai acontecer comigo e Carlos Ruiz Zafón).

Nas suas buscas Daniel descobre que tem algum maluco queimando todos os livros de Julián Carax, e que seu exemplar deve ser o último do planeta. A partir disso ele começa uma busca sobre a vida do autor, tentando entender o motivo dessa anarquia. E daqui pra frente é desgraça sobre desgraça. Confesso que em alguns momentos até me emocionei, porque, né, coitado do tal do Julián. Se ferrou o tempo inteiro. Filho bastardo, foi renegado pelo padrinho endinheirado quando se apaixonou (leia-se engravidou) pela filha dele. Arquitetou um plano de fuga que não deu certo, passou a viver na clandestinidade e começou a ser perseguido por um rival apaixonado pela mesma dona.

Quando ele finalmente retorna à sua cidade e descobre que sua amada definhou até a morte o cara se transforma no justiceiro. Aquele da Marvel, sabe? Sem a camiseta preta e a caveira no peito, porque ele não é tão pop. Na verdade o achei meio brega... posso até imaginá-lo com um girassol na lapela.

E a sua estória vai se entrelaçando com a de Daniel. Tanto que eles passam por situações idênticas, e acabam sendo perseguidos pelo mesmo inimigo em comum. Hum... não sei se foi uma boa ideia do autor, e tenho certeza de que a execução não é tudo isso que comentaram por aí.

A narrativa é construida no período entre guerras (Espanha franquista e Segunda Guerra) o que colabora com o clima sombrio do romance. Ainda bem que temos o personagem Fermín pra dar uma alegrada no texto. O cara é o próprio malandro carioca, ligeiro, liso, e dono de passagens hilariantes!

Mas como eu sempre digo, cada um é cada um. Eu não curtí, mas tenho certeza de que o ritmo da estória encantará muitas pessoas por aí - inclusive o felizardo que ganhará este meu exemplar aqui!

A sombra do vento
Carlos Ruiz Zafón
Ed. Suma de Letras
399 páginas

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Vc me acha...

... em outros blogs, também!

Que tal dar uma passadinha na Sala de Conversa e ler o que o pensam alguns dos blogueiros mais interessantes desse nosso Brasil - il - il?!



Grudou ni mim


Uma das gravidinhas mais lindas da temporada deixou essa música pra grudar nas orelhas alheias! Daí grudou ni mim daquele jeito que vocês sabem bem: eternal repeat!!!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Degredados filhos de Eva


Não vi e não gostei.

Não dou ibope, tô andando para o tal do programa e para a tal da emissora, mas não posso fingir que não aconteceu: acho infinitamente triste que, num país machista como o nosso, ainda venha um babaca e incite esse tipo de comportamento em cadeia nacional e com total conivência da emissora de TV.

Não estou fazendo este post porque sou mulher. Estou escrevendo e divulgando porque sou humana e tenho voz. Porque eu sei que não adianta eu rezar, reciclar, virar vegetariana e praticar yoga e esperar que o mundo mude sozinho.

Lí muitos textos informativos, interessantes, enriquecedores. Compartilho alguns com vocês e peço que nos ajudem a manter este assunto ativo até que os responsáveis sejam devidamente punidos.




O suposto estupro: não existe amor no BBB, de Nina Lemos



segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Bolhas

Uma festa em que a homenageada morre, não é um evento bem animado? Eu achei.

O fofo vai e arma um jantar íntimo para comemorar o aniversário da esposa e depois do brinde a boneca fica roxa e cai durinha sobre a mesa... mais tarde descobrem um papel com traços de cianureto na bolsa dela, e na falta de evidências decidem que foi suicídio devido a uma depressão pós gripe.

Aparentemente os ingleses se matam depois da gripe.

Daí o viúvo é um parvo. Amava loucamente a esposa, que era linda, estúpida e gostava de variar as refeições - se é que vocês me entendem. E alguém manda uma cartinha pro tonto dizendo que a esposa havia sido assassinada. Tcharaaaaam!

E o imbecil tem a ideia brilhante de reproduzir a noite do crime. Não é um gênio? Chama os mesmos convidados que estiveram presentes na primeira ocasião, planejando uma armadilha para descobrir o provável assassino. O que vocês, incaulto leitores, acham que acontece?

Ele faz um brinde, fica roxo e cai durinho sobre a mesa. E nem tava gripado.

O grande mistério é que todo mundo tinha motivos pra matar nas duas ocasiões... dois ex-amantes (um deles com um passado escuso), uma esposa mega ciumenta, uma irmã pobretona que herdaria toda a fortuna deixada, uma secretária devotada pelo patrão. Quem teria a coragem de envenenar duas pessoas assim, da mesma maneira?

Quem? Queeeeeeeeeem?

Vou dar uma dicasinha pra vocês: dona Agatha não cria personagens à toa. Ou seja, presta atenção naqueles em que você não irá prestar atenção!

Um brinde de cianureto
Agatha Christie
Ed. Nova Fronteira
202 páginas
Nota: 7/ 10

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Mofando no trânsito


Ainda bem que guardei o último livro da Agatha pra ler na subida. Porque, ao que parece, as duas milhões de pessoas que estavam comemorando a virada na Paulista desceram em seguida para o litoral. E resolveram subir na segunda feira. Como esta que vos escreve.

Primeiro tenho que confessar uma coisa... consegui comprar passagem pro busão das 18h - e entrei no das 16h30. Fiz firula até subir todo mundo, achei um lugar vago (tinham 3) e fiquei por lá mesmo. Aí deu certo, ninguém botou reparo que eu tinha entrado no ônibus errado! Me aboletei tranquila, coloquei o som na orelha (Like a stone, like a stone, like a stone, eternal repeat) e peguei meu livrinho tosco e mofado que achei no fundo da prateleira do sebo mais seboso de Pinheiros.

E assim eu sou feliz.

Daí a porra maravilha do p3 deu pau e fiquei sem som. Isso depois de 1 hora de viagem e eu nem tinha saído da cidade ainda. É, trânsito. Fome abissal e aquele cansaço esquisito que vem depois de ficar parada numa mesma posição por mais de dez minutos. Tá, tô brincando. Depois de quinze minutos.

God save dona Agatha! Me agarrei nela, e ela se agarrou ni mim, e aí foi fácil passar as 6 longas horas que me separavam da minha cama, da minha geladeira e do meu chuveiro. E eis que o livro da vez foi uma grata surpresa, viu?

Dona Agatha foi casada com um arqueólogo, e muitas das suas histórias se passam entre desertos e escavações... mas este foi o primeiro (e único até o momento) a contar um drama no Egito antigo! É claro que se você substituir alguns nomes (Esa por Miss Marple, Tebas por St Mary Mead) fica tudo como sempre foi... mas assim em egípcio ficou tão charmoso!

Daí funciona assim: tem o sacerdote master que é Imhotep, poderoso e cheio de sí, tipo eu que mando, eu que pago e vocês todos calem a boca. Seus filhos Yahmose (o mais velho, prudente e manso), Sobek (lindão, forte e impulsivo), Ipy (moleque mimado) e Renisenb (a filha que retornou após perder o marido). As noras Kait (mãe exemplar e fora desse papel, uma estúpida) e Satipy (macha alfa). A velha Esa (mãe de Imhotep e a espertona da casa). A escrava Henet (a futriquenta) e o contador Hori (o mocinho).

Imhotep passa muito tempo fora de casa, cuidando de terras distantes, e nesses períodos a autoridade sobre a casa e as terras de cá ficam divididas entre os filhos mais velhos... o que gera uma puta briga entre eles e entre as cunhadas. Uma zona. Daí o sacerdote master volta pra casa e, pra complicar só um pouco mais, traz uma concubina - que é a própria Teresa Cristina da novela das 20h. E sim, ando vendo muita novela... shame on me!

E o cara inventa de ir embora de novo, sozinho. E adivinha o que acontece? Um "acidente" mata a Teresa Cristina. Aff. E então começa uma série de assassinatos misteriosos e todo mundo acreditando que a concubina voltou do mundo dos mortos pra se vingar daqueles que a trataram mal... até que a velha Esa dá um "acorda Alice" e os que sobraram começam a desconfiar de um traidor entre eles. É, eles são meio lerdinhos.

E vou contar uma coisa inédita pra vocês! Eu adivinhei o assassino!!! E logo em seguida cheguei à conclusão de que não era o dito cujo. Pra logo depois voltar a pensar que era ela mesma... e era!!! Tá vendo, a dona Agatha queria me confundir com esse monte de nome doido mas não adianto-ou. Eu adivinhe-ei.

Eu sou um gênio.

E eu termino um ano com ela, e começo outro ano com ela. Isso é que é fidelidade partidária.

E no final a morte
Agatha Christie
Ed. Record
210 páginas
Nota: 7/ 10