segunda-feira, 23 de abril de 2012

E num domingo chuvoso...

... eu e Mr. Eco terminamos a nossa relação! Foi bom enquanto durou...

Esta última cria de Mr. Eco não tocou o meu coração tanto quanto O nome da Rosa ou Baudolino, mas é porque o autor usa de um momento histórico que não me é muito familiar. Aliás, essa é a graça (e a perdição) de Mr. Eco: fazer milhares de referências sobre conhecimentos gerais. E se você não conhece as referências, well, você bóia.

Não boiei porque eu sou metida.

Daí temos Simonini e Dalla Piccola numa situação muito esquisita: quando um acorda o outro não está lá; quando o outro acorda, o um não está lá.... a casa de ambos é conectada por um corredor compriiiiiiiiido e escuro... e eles se examinam mutuamente e têm a leve impressão de que são a mesma pessoa! Hum, será?

Que tal usar a ideia de um tal de Doutor Fróide e escrever um diário retroativo para descobrir what the hell is going on? Assim Simonini começa a contar a sua vida. A infância pobre e o ódio pelos judeus herdado pelo avô paterno. O início de uma carreira promissora como falsário e a posterior associação com politicagem em geral que o leva à Itália de Garibaldi e à França napoleônica. Onde a memória falha, Dalla Piccola aparece e preenche as lacunas...

Simonini começa a escrever a sua grande obra: Os protocolos do cemitério de Praga. Um documento (falso, claro) criado para incriminar os maçons, e depois adaptado para ferrar com os judeus, e finalmente ornamentado para acabar com todos os inimigos dos cristãos. Enfim, um falsário bem versátil!

E os protagonistas vão contando todas as mentiras, assassinatos, conspirações em que estavam metidos, até chegar ao ápice! O ponto em que suas personalidades, antes única, se desdobraram em Simonini e Dalla Piccola!

Antes que vocês reclamem que estou contando a grande surpresa do livro, desencanem. Isso é óbvio desde o primeiro capítulo. Tem muitas outras coisas que irão surpreendê-los, fiquem sussu.

Olha, não justifica a ânsia que eu estava para comprar e ler este livro todim. Mas é Umberto Eco, vale o esforço.

O cemitério de Praga
Umberto Eco
Ed. Record
478 páginas

4 comentários:

  1. Nossa, também senti o mesmo: o livro não fez jus à ânsia que eu tinha para o ler. Achei cansativo, confuso, monótono... Tem referências difíceis demais, só mesmo quem conhece profundamente o período histórico daquela Itália de um século atrás apreende as intrigas. No Brasil, deve ter umas três pessoas com esse perfil. Talvez duas.

    ResponderExcluir
  2. Ainda não li este livro não, Dani, mas me convenceste a buscá-lo.
    E podes ser metida sim, mas só na medida certa.
    Abraço, Dani.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olha Jacquenildo, se eu fosse vc iria atrás desses outros títulos que citei do Mr. Eco. São incríveis. Esse aqui, não sei...
      O problema do metido é que ele sempre perde a medida!!!
      Brigada beijo!

      Excluir