quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Chanel, pra inspirar o ano novo

"Quem não gosta de estar consigo mesmo em geral está certo."

"Não há tempo para a monotonia do previsível. Há tempo para o trabalho. E tempo para o amor. Isso nos toma todo o tempo."

"Já que tudo está na nossa cabeça, é melhor a gente não perdê-la."

"A lenda é a consagração da celebridade."

"'Onde uma mulher deve usar perfume?', perguntou-me uma moça. 'Onde ela quiser ser beijada', eu respondi."

"O luxo precisa ser confortável, senão não é luxo."

"Uma mulher possui a idade que merece."

"Eu não entendo como uma mulher pode sair de casa sem se arrumar um pouco - mesmo que por delicadeza. Depois, nunca se sabe, talvez seja o dia em que ela tem um encontro com o destino. E é melhor estar tão bonita quanto for possível para o destino."


terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O ultimo de 2.009!



Finalmente, depois de 4 meses, tive tempo para ler "Reparação", de Ian McEwan. Estava na minha estante há exatos 4 meses.
É uma estória densa, sobre como um escritor versa sobre a vida de seus personagens com poderes divinos - e quais são as consequências de seus atos em uma possível realidade.
A estória atravessa o período da 2ª Guerra Mundial, e eu me emocionei algumas vezes com as descrições enfáticas da retirada dos ingleses da França.
Briony - a narradora de várias etapas - é uma criança chatinha que se transforma em escritora de sucesso, e em seu último romance joga toda culpa e ressentimento num alter ego jovem e arrependido. Nessa obra ela relata uma fatalidade que seus devaneios transformaram em outra verdade, e todas as consequências de seu ato infantil e fantasioso.
É sobretudo uma estória triste, e bem romântica. Impossível não torcer por Cecília e Robbie, improvável não se entristecer com o destino previamente traçado por outra pessoa.
O filme (Desejo e Reparação, de 2007, dirigido por Joe Wright) foi muito bem roteirizado. Não perdeu em nada a intensidade do texto original.
E o trailler com a música "The Scientist", do Coldplay, é a síntese perfeita.

Ah... e um incentivo a mais for us, girls! James McAvoy is sexy. Very sexy.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Ônibusfobia

Som, som! Marcelinho da Lua e Seu Jorge - "Cotidiano"
http://www.youtube.com/watch?v=-lTiwGumCdk

Sete horas da manhã. Cá estou eu, paradinha entre tantos outros na mesma situação: esperando o ônibus - sempre atrasado diga-se de passagem - que nos conduzirá até o trabalho.
Eis que avisto uma fumaceira preta lá na esquina. As pessoas começam a se movimentar. Não há dúvidas, é o meu ônibus! Respiro fundo e me preparo para mais uma aventura.
Vários dedos se agitam e o monstrengo pára em meio à barulhos irritantes. Espero o cavalheiro que delicadamente me empurrou subir. Ele sobe, eu subo, mais quinhentas e vinte pessoas sobem e vamos embora.
A catraca está dura mas o amigo cobrador dá uma força para a galera passar.
Ah! Hoje é meu dia de sorte! Vejo que há um lugar vazio lá no fundo!
Corro como um animal visando a sua presa, levando bolsas comigo enquanto murmuro diversos 'com licença' e 'me desculpe'. Tô quase... quase... conseguí! Abro um imenso sorriso vitorioso que se congela em meu rosto quando constato que o meu belo lugar vago estava na verdade mais do que ocupado por um vômito ressecado. Éca. Pelo menos não está mais fedendo.
Acho que a cara de desânimo que fiz foi tão óbvia que o senhor sentado no banco em frente ao desastre se levantou e ofereceu-me o lugar. Pensou que eu não iria aceitar hein? Disse-lhe um rápido 'obrigada' e quase derrubei-o ao me encarapitar no seu banco ainda quente. Estamos numa selva, não?
Sete e quinze. O ônibus está tão lotado que as pessoas no corredor nem precisam se segurar. Se vira pra esquerda todo mundo vira junto. É até bonito...
E mesmo assim um ambulante resolve subir pra vender sua mercadoria: um saco gigante de pururuca! Não contente em conseguir entrar no ônibus, ele resolve atravessá-lo de ponta a ponta, leva o boné de um, pisa no pé de outro, ei moço, cuidado com o saco! Nem que alguém quisesse comer pururuca essa hora da manhã daria para pôr a mão no bolso e tirar os 'dois passe ou um real' para comprá-la... depois de um tempo o vendedor finalmente desiste e desce (não sei como o saco não entalou na porta, de tão grande que era, e não estou exagerando).
Sete e meia. Hora do trânsito mostrar toda a sua passividade. Abro meu livro e mergulho na estória. E não contrariando aquele sábio ditado que diz que 'alegria de pobre dura pouco' descubro que meu livro está no fim e não peguei outro... olho para fora, mas depois de um tempo a gente enjoa de olhar a mesma frase pichada no muro.
Sete e quarenta. O que eu comí no café da manhã mesmo?
Sete e quarenta e cinco. Desisto, não consigo lembrar. Deve ser o cansaço.. resolvo me concentrar numa brincadeira que inventei para passar o tempo: se todos lá fora morressem e nós tivéssemos que repovoar o mundo, quem neste ônibus seria o meu par? Hum... nenhum Brad Pitt nesse carro... tem um moço olhando pra fora, não consigo ver seu rosto, será que é bonito? Levanto-me um pouco e me inclino fingindo que vou abrir mais o vidro, mas com os olhos grudados no fofo. Acho que meu olhar é magnético pois nem bem fixei os olhos no indivíduo e ele virou-se bruscamente para o meu lado! Com o susto caí no banco e batí o braço no ferro da frente! Doeu pra burro, não pude evitar um gritinho... e agora sim, todos no ônibus e inclusive o infeliz estão olhando para mim. E nem valeu a pena... alem da mancha roxa que já vejo se formar num ponto acima de meu cotovelo o mocinho é feio demais!
Desisto da brincadeira. O jeito é tentar dormir um pouco - de leve pra não perder o ponto, que graças aos céus, não está longe.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Avatar

Som, som! Beyoncé - "Video Phone"
http://www.youtube.com/watch?v=CtIdxk2zqXs

O cinema está cada vez menos criativo...
Avatar tem um visual bem bonito, os atores de carne e osso são muito bons - exceto o general que ficou caricato. Mas é longo e eu saí do cinema com a sensação de que já ví isso antes: um bando de americanos invadindo um planeta em busca de suas riquezas naturais.
Nessa época de pensamento pseudo verde em que vivemos foi legal a iniciativa de retratar os invadidos com uma consciência de integração total com o planeta deles. Seriam os nossos índios (que infelizmente não tiveram um final feliz como no filme).
Não me emocionou. Talvez em 3D valha mais a pena...
Titanic era longo mas eu não sentí o tempo passar. Nesse Avatar eu não aguentava mais ficar dentro do cinema. Acho que é bom pra ver em casa...

sábado, 26 de dezembro de 2009

Adeus (?!) Ano Velho

E hoje mais do que nunca convivemos com o estranho, o improvável, como se fosse natural.
Ser normal é reclamar do calor que sobe do asfalto e faz o vento derrubar folhas, derrubar sonhos. É explicitamente natural ver o rio enchendo e levar metade de nossas vidas.
Aceitável ser roubado diariamente, descaradamente, dar de ombros e dizer que não se pode fazer nada, a vida é assim, sempre foi assim.
Natural puxar tapetes, pegar o que não é preciso, desperdício.
E vamos vivendo num mundo falso que se esgota minuto a minuto, gozando a felicidade de não se estar aqui quando tudo mais se explodir.
Essa é a morte de Gregor Samsa. O inexplicável que tomamos por normal.
C´est la vie.

Vem aí....






Nem começou o ano e já estou contando os dias para algumas estréias... ai ai....

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

A rosa, o vento

O vento acaricia a rosa com violência
Desperta seus odores e provoca seus espinhos
Espalha suas pétalas sobre a terra úmida
Cobrindo seus pés com maciez.

E a flor morre aos poucos, como a tarde
Deixa a vida com ardor
do que foi pleno, belo e perfeito
Apenas sendo sí mesma
Sendo flor, exalando alma
Apenas sendo,
Apenas sendo.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Receita para se manter jovem

1. Jogue fora todos os números não essenciais para a sua sobrevivência. Isso inclui idade, peso e altura. Deixe o médico se preocupar com eles.
Para isso ele é pago.

2. Frequente de preferência seus amigos alegres. Os "baixo astrais" puxam você pra baixo.

3. Continue aprendendo. Aprenda mais sobre computador, artesanato, jardinagem, qualquer coisa. Não deixe o seu cérebro desocupado. Uma mente sem uso é a oficina do diabo. E o nome do diabo é Alzheimer.

4. Curta coisas simples.

5. Ria sempre, muito e alto. Ria até perder o fôlego.

6. Lágrimas acontecem. Aguente, sofra e siga em frente. A única pessoa que acompanha você a vida toda é VOCÊ mesmo. Esteja VIVO enquanto você viver.

7. Esteja sempre rodeado daquilo que você gosta: pode ser a família, animais, lembranças, música, plantas, um hobby, o que for. Seu lar é o seu refúgio.

8. Aproveite sua saúde. Se for boa, preserve-a. Se está instável, melhore-a. Se está abaixo desse nível, peça ajuda.

9. Não faça viagens de remorsos. Viaje para o shopping, para a cidade vizinha, para um país estrangeiro, mas não faça viagens ao passado.

10. Diga a quem você ama, que você realmente os ama, em toda oportunidade.

E lembre-se sempre: a vida não é medida pelo número de vezes que você respirou, mas pelos momentos em que você perdeu o fôlego... de tanto rir... de surpresa, de êxtase, de felicidade...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Cabalando

Quando eu nascí Deus me deu um Anjo da Guarda. Um dos bons, porque sendo Deus Ele sabia que eu precisaria.
E o Anjo olhou pra mim e me reconheceu. E me amou, guiou, protegeu. E me ajudou a cumprir a maior de minhas tarefas: o grande desafio de ser eu mesma.


quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Selinho!



Ganhei um selinho! Olha ele aí!
E com o selo vem uma tarefa: a proposta é escalar 3 livros que tenham marcado minha trajetória e depois enviar para 5 blogs que me fazem viajar. Meus agradecimentos à Tábatta, da Casa della Nonna.

Well well Guilherme Tell, seguem os livros marcantes (ui):

1º) O auto da barca do inferno, de Gil Vicente. Fui longe buscar esse hein? Ahahahaha... lembro que era um dos obrigatórios na época em que prestei vestibular (faz tempo isso viu?), e comecei meio assim assim, mas a estória foi me envolvendo e no final estava eu transcrevendo um pedaço do livro e colando na porta do guarda-roupas, de tanto que curtí. É gente, sempre fui meio nerd.

2º) O pêndulo de Foucault, do Umberto Eco. Causa entropia. Mas pouca. Romance com pitadas semiológicas... Aliás, adoro a maioria dos romances do Umberto Eco.

3º) A Casa Torta, da Agatha Christie. Gentem, eu era viciada em Agatha Christie. E depois de um tempo a gente acaba conhecendo o estilão do escritor, né? Mas nesse título a autora conseguiu me surpreender. E me assustar.

Tarefinha difícil essa hein? Amanhã com certeza terei outros livros em mente...

Agora a parte boa! Os blogs que indico para viagens mentais (e passo o bastão da tarefa!):

1º) A sabedoria está no pôr do sol, do Alê Martins
2º) Em construção, da Monicat´s
3º) La Sorcière, da própria (kkk)
4º) Sussurros íntimos, do Maycon
5º) Vinho da Vida, do Baco

Enjoy!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Desafio Literário



Está rolando uma iniciativa muito bacana entre blogs dos amantes de livros e afins. É um desafio literário pro ano de 2.010, organizado pela Vivi do Romance Gracinha. Eu aderi! E segue a lista dos livros escolhidos de acordo com a regra de cada mês:


Janeiro – Para facilitar a vida de todas, leituras rápidas para o primeiro mês do ano. O desafio é ler um Romance de Banca ao estilo da Nova Cultural, Harlequin, entre outros livros vendidos em bancas. Vale qualquer segmento, Clássico Históricos, Momentos Íntimos, Júlia, Sabrina, etc… Tenho certeza que você tem um livro na pilha esperando para ser lido. Portanto não há desculpas.
“Doce inocência” de Melanie Milburne

Fevereiro – Um livro que nos remeta aos contos de fada. É baba! Nem tudo é inovação. Há muitas histórias baseadas nos contos de fadas. Patinho Feio, A bela e a fera, Cinderela…
“O hobbit” do Tolkien
Reserva: “O ladrão de raios” de Rick Riordan

Março – Um clássico da Literatura universal. Só vale aquele que você nunca leu na vida. Sabe aquela coleção em destaque na estante que está lá só para fazer bonito? É lá que você vai pescar esse.
“Persuasão” de Jane Austen
Reserva: “Hamlet” de Shakespeare

Abril – Um livro de escritor(a)Latino-Americano. Leitura inédita só para lembrar!
“O jogo da amarelinha” de Julio Cortázar
Reserva: “Contos de Amor, de Loucura e de Morte” de Horácio Quiroga

Maio – Para aliviar, vai aí um Chick-lit. O mar está para peixe no que diz respeito ao gênero.
“Tem alguém aí?” da Marian Keyes

Junho – Um livro de uma escritora brasileira.
“A paixão Segundo G.H.” de Clarice Lispector
Reserva: “O pau” da Fernanda Young

Julho – Um livro adaptado para o cinema. O que mais há ultimamente!
“Julie & Julia” de Julie Powell
Reserva: “Budapeste” de Chico Buarque

Agosto – Um romance policial. Vale os autores mais clássicos ou autores do romance “romântico” policial.
“O homem de São Petesburgo” de Ken Follet
Reserva: “Céu de origamis” de Garcia-Roza

Setembro – Um romance histórico. Cá entre nós, esse gênero é o queridinho de muitas!
“O anel – a herança do ultimo templário” de Jorge Molist
Reserva: “O físico: a epopéia de um médico medieval” de Noah Gordon

Outubro – Um livro que contenha uma lição de vida. Pode ser ficção ou não-ficção. Viu como facilitei?
“A arte de correr na chuva” de Garth Stein
Reserva: “A cabana” de William P Young

Novembro – Um livro de escritor(a) de Portugal. Com a aproximação ortográfica porque não uma aproximação literária?
“Caim” de Saramago
Reserva: “O primo Basílio” de Eça de Queiroz

Dezembro – Um livro (ficção ou não ficção) que tenha a palavra “Coração” no título.
“Coração Andarilho” de Nelida Pinon
Reserva: “Coração apaixonado” de Chelsea Cain

Divagando

Meu coração é replica do que foi
numa manhã tépida de domingo
quando a luz do sol me enternecia
quando ter você era tudo o que eu queria.

Meus sentidos respondem sem razão
do lastro de consciência que corta
a saudade de um tempo bom
a vontade que não exorta

Esse ar que me envolve sem a aura
sagrada repetida semana pós semana
me choca e convalece
espanta e enaltece
o tempo que passa.

E eu fico.

O que não fazer no final de semana...

Então. Filminho longo, hein?
Tive a sensação que aproveitaram uns pedaços de "Indepence Day" e "Titanic". Mas deve ser apenas impressão... oooou será que não???
Se for isso infelizmente desprezaram uns detalhes que fariam toda a diferença: os lances de humor do 1º e o amor platônico do 2º.
Tem cenas GRANDIOSAS, mas não segura... diálogos fracos, desnecessários. Too long.
Adoro o John Cusack, mas não recomendo!


terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Abandono

Aperto a carne fria do teu rosto contra o meu
Não reconheço o amargor que me invade o peito
e congela meus dentes trincados.

Padeço a dor dos que acalentam sonhos
plantam nuvens e colhem lágrimas
desperdiçando suspiros úmidos em campos infertéis.

Pereço de uma melancolia perene
uma apatia que me consome aos poucos
corroendo alma, exaurindo vontades.

Sofro com a conformidade
de quem aceita o destino como findo
e espera piedade, perdão,
em sacrifício.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Psicodélicos!


O Tigre Branco

Som, Som! Krishna Das - "Om Namah Shivaya"
http://www.youtube.com/watch?v=Zpu6bMhM_L0

Que descrição mais interessante de uma cultura!

Aravind Adiga, de maneira bem humorada, faz uma autópsia das relações sociais indianas. Um indiano escrevendo "ocidentalmente" sobre o próprio país.

O livro é a carta que o narrador, Balram Halwai, escreve ao primeiro-ministro chinês que estará em visita à Índia procurando por jovens empreendedores. Balram é um empreendedor, e sua carta é a defesa dessa afirmação.

É um tratado filosófico de um país muito rico e muito pobre! E passa longe das cidades yoginis, seus mitos e ashrams. Nada de calma e tranquilidade - apesar dele defender o yoga em alguns momentos.

Adorei essa passagem: "Os sonhos dos ricos e dos pobres não tem nada em comum, não é mesmo? Veja bem, os pobres passam a vida toda sonhando em ter o que comer e ficar parecendo os ricos. E estes sonham com o quê? Querem emagrecer e ficar parecendo os pobres." (p. 187)

Alguns fatos lembram um pouco as patotas que ouvimos pelo brasil brasileiro. Corrupção onde há muito dinheiro, e muita gente sofrendo pelo (muito) conforto de poucos: "Antigamente, havia mil castas e destinos na Índia. Hoje, só há duas castas: a dos homens barrigudos e a dos homens sem barriga. E apenas dois destinos: devorar ou ser devorado." (p. 58)

As castas... tão comentadas e incompreendidas. Ele tem uma definição muito boa, uma visão bem crua do sistema de castas. Vale a leitura, vai quebrar alguns paradigmas.

Os chefões do campo tem um quê de Id Amin Dada. Nada muito descritivo, apenas algumas citações sobre as vinganças cruéis que se abatem por toda uma família (curioso? Assista "O ultimo rei da Escócia" - prepare o estômago, é punk).

Muitíssimo interessante a fascinação de Halwai pelo Forte abandonado, próximo de sua aldeia, dominado pelos macacos. Pra quem conhece um bocadinho de mitologia indiana, o deus macaco (Hanuman) é a personificação da força servil, da dedicação absoluta por um ideal - ou um patrão, no caso do narrador.



O protagonista é um assassino confesso, mas é difícil condená-lo apesar de tudo. Ainda mais sob a ótica empreendedorista: ele é um exemplo de empresário de sucesso! Jai!

E meus agradecimentos para a Gaby Colombo que me emprestou o livro! Gaby, devorei-o em um dia!!!! Gentem, leiam a análise do Clube de Leitura, blog da Gaby e da Andréa, clicando aqui.

Vale a pena:
O Tigre Branco, deAravind Adiga
Ed. Nova Fronteira

Namastê!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O brigadeiro

Tina havia acabado de moldar o último brigadeiro. Pôs na bandeja com os outros. Não eram muitos, mas dava pra distrair a sua turma viciada em chocolates. Foi ver se o bolo estava pronto. Ia ser uma grande festa.
"O bolo já está pronto" - pensou Tina. Tirou-o do forno e foi ver televisão enquanto a massa esfriava.
Julinho, depressa e silenciosamente fugiu da sala e foi pra cozinha. Comeu os brigadeiros, até se empaturrar, sobrando apenas um. Todo feliz e cheio de açucar, saiu pela porta dos fundos e foi brincar com Tisiu, o cachorro.
"Nossa, como aquele ator é lindo!" - pensava Tina enquanto voltava à cozinha. E então...
- AAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!
A mãe de Tina correu pra cozinha, com os cabelos em pé devido ao susto.
- O que foi menina???
- Ah mãe... os brigadeiros sumiram! Sobrou apenas um! Na certa não quis fugir com os outros...
Nesse momento Julinho entrou na cozinha e ouviu o relato desesperado da irmã sobre o sequestro dos brigadeiros por seres espaciais.
- Ah! Então foi você quem fez os brigadeiros? Estavam muito bons, não consegui párar de comer! 'Brigado, mana!
E saiu correndo, deixando a irmã prostrada na cadeira. Não havia tempo de fazer outra remessa, e não adiantava fingir: seus amigos iriam cobrar. Talvez devesse adiar... mas então Tina teve uma grande idéia! E foi se arrumar, toda feliz.
Quando todos os convidados chegaram ela ficou esperando a fatídica pergunta (e os brigadeiros?). Mas esta não aconteceu. Ela ficou espantada, sem saber que seus amigos combinaram serem bem educados, ou seja, não fazerem comentários maldosos ou notar coisas estranhas.
Mas já ao final da festa alguem não aguentou e perguntou:
- Tina! Onde estão os brigadeiros?
No começo a turma ficou meio irada pela quebra do combinado, mas depois...
- Ô Tina, isso é coisa que se faça? Deixar a gente sem brigadeiros...
- Ah Tina... eu quero brigadeiro...
E Tina então expôs sua grande idéia:
-Ei pessoal, eu fiz uma bandeja enorme de brigadeiros...
- Eba! Viva! Maravilha!
-... mas aconteceu um pequeno acidente e sobrou apenas um. Por isso vamos fazer uma brincadeira, e quem vencer fica com o doce!
E foram todos brincar. Quero dizer, todos não: João ficou ao lado do doce, e quando saíram de perto ele o agarrou e saiu correndo. E correu tanto, tanto... que tropeçou fazendo o doce voar longe, e aterrisar no colo de Ana, que iria colocá-lo na boca se Sabrina não o pegasse e colocasse de volta na bandeja. E agora foi a vez de Roberto roubá-lo e levar pra Suzie, sua namorada. Mas ela estava de regime e tacou o doce longe! Mais precisamente na cabeça de Tina! Fazendo todos caírem sobre ela e foi aquela guerra!
Todos lutando pelo doce, e ninguem notou quando o brigadeiro rolou de lá e caiu aos pés de Tisiu, que mais que depressa abocanhou a prenda e saiu abanando o rabo, feliz.

(...)

"Mentiram-me ontem, e hoje mentem novamente. Mentem de corpo e alma, completamente. E mentem de maneira tão pungente que acho que mentem sinceramente, (...) e de tanto mentir tão bravamente constroem um país de mentira diariamente."

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Contos Extraordinários

Som, som! Michael Jackson - "Thriller"
http://www.youtube.com/watch?v=uy8kIXA4STs

Poe sabia exatamente onde ele iria terminar. E isso fica tão óbvio quando termino de ler "A queda da casa de Usher"...
As primeiras frases do conto já vão me conduzindo ao final fantasmagórico. A rachadura, aquela marca que passou despercebida num primeiro momento salta a vista quando o clima de tensão atinge seu clímax.
Mesmo sabendo que Poe escreveu este conto baseado em tecnicas super racionais para que o leitor seja tomado de terror, eu sinto medo! Estudo, estudo, estudo, e mesmo assim não estou vacinada contra os efeitos da escrita dos graaaaaaaaaaaaaaaaaaaandes autores.
Ele não economizou palavras para dar forma ao aspecto melancólico da casa e de seus habitantes: eu consigo ver o espectro em volta da casa narrado por um de seus protagonistas - um pobre expectador de Roderick Usher, dono e personagem que se confunde com a casa. A casa são suas lembranças, atulhadas de tristeza, melancolia e morte.
A relação de Usher com sua irmã gêmea era algo duvidoso.... em vários momentos Poe cita que os irmãos tem uma "ligação especial" (ou algo assim, não me lembro muito bem das palavras exatas).
Roderick chama o amigo narrador para acompanhá-lo nos momentos finais de sua doença; em seguida descobrimos que a irmã gêmea de Usher tambem está doente. Ela tem um ataque de catalepsia e "parece" morrer, é enterrada viva pelo irmão. A doença dele piora - o que corrobora a hipótese de uma ligação incestuosa entre os dois...
A ultima parte do conto é tudo nessa vida: enquanto nosso heróico narrador tenta distrair o amigo em sua hora derradeira, a irmã dele consegue fugir de seu sarcófago e voltar para buscar seu irmão... e então Usher desaparece no pântano...



Si - nis - tro.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Tempo livre!

Som, som! Lynyrd Skynyd  - "Sweet Home Alabama"
http://www.youtube.com/watch?v=IwWUOmk7wO0

Amigotes,
não é novidade que esta que vos escreve tem gozado de um enorme e incompreendido tempo livre...
infelizmente não estou com sossego na alma pra botar a leitura em dia (são tantos livros que quero ler, tantos outros que quero re-ler...) mas de-va-gar e sempre estou conseguindo me organizar e aproveitar desse momento que é raro - e não muito longo, se tudo der certo.
Nestes últimos 7 dias ví 3 filmes no cinema! Considerando que eu não frequento cinema há pelo menos 3 meses eu diria que é uma volta triunfal!
Resenhar é viver:

Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino
Estava em dívida com o Tarantino... eu geralmente vejo seus filmes na estréia.... enfim, antes tarde do que na Tela Quente!!!
Não é nada do que eu esperava. Quer dizer, é super violento (como eu esperava, ok, confesso) mas a estória tem um outro ponto de vista que não é a dos matadores de nazistas. Cheio das referências que os Tarantino lover´s conhecem bem: diálogos incríveis, músicas de faroeste e sangue. Muito sangue.
E amei o gesso com salto alto que fizeram na Diane Krueger. E quem é aquele ator, pai das três meninas (logo na primeira cena)??? O cara arrasou em uma única cena. Impressive.

Lua Nova, de Chris Weitz
Atenção! Se você não é uma menina com menos de 16 anos não perca o seu tempo vendo este filme.
A não ser que você (como eu) tenha ficado bem curiosa pra ver o abdominal do Taylor Lautner. Mas prepare-se para a reação entusiástica das meninas com menos de 16 anos que estarão em bando ocupando todos os outros bancos da platéia (você é o corpo estranho, lembre-se).
A estória é legal, obviamente um resumão do livro homônimo. A adaptação ficou bem boa, não perdeu muito do sentido original. Basicamente o vampiro percebe que vai causar confusão pra mocinha e resolve largá-la. Aí num momento Romeu e Julieta ele acredita que ela morreu e tenta se matar.
Fiquei pensando que a transposição do livro pra tela grande deu certo por causa da escolha certeira dos protagonistas... a menina é linda, mas tá sempre com uma cara de sonsa incrível. Perfeito pra donzela em perigo. O vampiro branquelo TEM que ser sexy. Então toda cena em que ele aparece lembra comercial de absorvente íntimo - sabe quando a mulher caminha em câmera lenta, o vento batendo nos cabelos, ela fazendo bico... pois é, toda cena do vampirinho é assim. E é sexy!!!! E o Taylor Lautner, bem, ele é tudo isso e mais um pouco.

500 dias com ela, de Marc Webb
Em inglês fica muito melhor: 500 days of Summer (Summer é o nome da namoradinha do protagonista)
Comédia romântica nem tão fofa, já que não "viveram felizes para sempre". Mas tem seu grau de fofura recompensado pelo protagonista que dá vontade de apertar. A sacada do filme foi inverter os comportamentos masculinos e femininos que a gente já conhece de outros carnavais: o protagonista fofo acredita no Amor (isso mesmo, com a maiúsculo) e em almas gêmeas. Já a menina não quer saber desse tipo de bobagem. Os dois se envolvem, e a gente se envolve junto, no melhor estilo Sessão da Tarde.

Alguem tem alguma sugestão de filme pra próxima semana? Não tenho lido as críticas ultimamente, não sei o que está valendo a pena....

Indicação de leitura

Som, som! Chopin - "Op 9 nº 2 (Arthur Rubinstein)"
http://www.youtube.com/watch?v=YGRO05WcNDk

Na verdade li um conto, de uma autora chilena que não conhecia.
"A árvore", de Maria Luisa Bombal, escrito em 1.939. Me identifiquei na primeira linha. Escrita bem feminina, romântica...
O que tem de especial: a cadência! Ler este conto é como estar junto com a protagonista durante um concerto! Ela vai dando as pistas durante a leitura... se você conhecer um pouco de música clássica vai entender o ritmo das linhas.
Confesso que tive um pouco de ajuda nessa parte - infelizmente meu ouvido não é tão sensível e não pude identificar prontamente o que a autora queria passar. Mas depois que me mostraram esse detalhe (crucial) foi como abrir uma janela.
A estória é muito simples. Muito mesmo, inocente até. A música é extremamente importante pra desvendar a riqueza desse texto. A forma é complexa e a viagem é infinita.


Generosa

"Se algum dia você for embora, vá lentamente, como a noite que amanhece sem que a gente saiba exatamente como aconteceu."
Milton Nascimento

Diamante

Existe esse "feeling"? Na tela ele te envolve, arrasta, encanta, toma conta de todo o seu it. Você sente isso.
Você vê nos olhos vidrados, você sente uma bola na garganta, chora, mas isso realmente existe?
A vontade de desvanecer em seu beijo seria apenas uma bela frase?
Morrer pode ser belo? E completo?
E se existe, could it last forever?

A verdade é que existe. É a força que move o mundo e nos empurra para frente numa incessante busca.

A ignorância é uma benção

Fecho os olhos e sinto o universo fluir entre eles, como um rio cristalino jorrando de mim para mim... prova de que faço parte, já que ele está em mim.
Consegue ver as estrelas? Átomos giram, dançam cometas, tudo para mim. Isso é um dom?
Ou será que todos têm o seu universo, mundinho particular, deus de sí mesmo?
Quanta pretensão...
Faço parte do mundo e o universo está em mim. Não posso modificá-lo. Quanto poder à nossa frente!
Meros expectadores da vontade de Deus.

Seria um castigo por desenvolver as sensibilidades da Alma? Se fosse parvo, tosco, será que sofreria tanto?

terça-feira, 24 de novembro de 2009

In Heaven

One day, Adam sat outside the Garden of Eden shortly after eating the apple, and wondered about men and women.
So looking up to the heavens he says, "Excuse me God, can I ask you a few questions?"
God replied, "Go on Adam, but be quick... I have a world to create"
So Adam says, "When you created Eve, why did You make her body so curvy and tender unlike mine?"
"I did that, Adam, so that you could love her."
"Oh, well then, why did You give her long, shiny, beautiful hair, and not me?"
"I did that, Adam, so that you could love her."
"Oh well then, why did You make her so stupid? Certainly not so I could love her?"
"Well Adam, no. I did that so that she could love you."


segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Calor, CALOR, C A L O RRRRR

Definitivamente não dá pra ser elegante num país tropical... a gente toma banho, bota perfume, bota maquiagem, roupa bacanuda e, quando termina todo o processo, já tá suando em bicas e desejando se livrar imediatamente de toda a produção...
Discretamente enxugo as gotinhas de suor que teimam em fazer minha testa brilhar. E pronto, lá se vai um tanto de maquiagem também. Tudo bem, tuuuudo bem. A gente "esfumaça" o que sobrou e bora (nem a pau vou refazer isso tudo!).
Inspiro fundo, estufo o peito e saio sob o sol inclemente. O relógio de rua marca 34 graus. Jesus. Se fosse possível medir dentro das cuecas alheias bateria 40 graus fácil...
Nem bem ando um quarteirão e já me bate a certeza de que a minha maquiagem já está igual a do Heath Leadger em dia de Coringa. E olha que a maquiagem é boa, tudo a prova d´água. Mas não a prova de calor senegalês...
Nessas horas agradeço à maior invenção dos tempos modernos: os óculos escuros!
Correr é pior... só me resta praguejar baixinho a idéia infeliz de sair de casa pra "aproveitar o dia". Vou rezar baixinho à São Pedro... piedoso... gente boa!
Eu, mulher de fé, sinto um ventinho meio estranho no ar. Olho pra cima e as nuvens estão se fechando numa noite fake ao meio dia. Esse tempo tá muito louco.
O que adianta juntar tanta gente pra ficar discutindo aquecimento global???
Agora é produzir filtro solar, guarda chuvas e livrinhos de orações!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

I want to be a star!

- Ô vidinha mais ou menos...
- O que foi menina?
- Nada não...
- Fecha essa janela, tá entrando pernilongos, vem ajudar aqui.
- Já vou, tô indo...
- O que tanto você fica aí sonhando?
- Ah... tô aqui pensando que eu quero muito é ser artista!
- De onde você tirou essa idéia???
- Da minha própria cabeça! Eu fui lá no centro pegar meu INSS, sabe? Aí ví um daqueles cinemas enormes, todo iluminado, fiquei tão curiosa! Resolvi dar uma espiada... ah, você precisava ver....
- O que tem de mais?
- Nem sei explicar direito... aquele som, aquela luz... os atores, tão lindos, se beijando... pois quero ser igual eles!
- Ave Maria mulher de Deus! Era só o que faltava...
- E o que é que tem?
- Como é que você vai ser artista?
- Não pensei nessa parte ainda... mas não deve ser difícil...
- Você nem sabe por onde começar!
- Não há de ser nada, vou na igreja conversar com o padre, ele garante que consigo tudo se pedir com fé... ele vai me ensinar a fazer assim e pronto.
- Sei não... acho que o padre não vai gostar muito dessa idéia... ser artista, beijando homem naquela escuridão toda que é o tal do cinema... vai dizer que isso é coisa de desavergonhada!
- Vixe! Pois num tinha pensado nisso também! Lasquera... e agora?
- E agora fecha essa janela e vai pra cozinha arrumar a janta. Daqui a pouco o pai tá em casa, com fome, e você sabe que ele fica brabo quando não encontra o que comer!
- (suspiro)... ta certo...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Um momento

A chuva bate com força na janela, e uma gota transparente se cola no vidro opaco. Vacila um pouco, decide deslizar, ora lentamente... ora rapidamente...
Ela está parada em frente à janela, seus olhos acompanhando os movimentos da gota. Olha e não vê.
De repente um braço é erguido, suavemente tocando o vidro.Gelado.
De alguma forma ela sabe que deve abrir a janela, e o faz. Seu peito sobe enquanto inspira forte o vento, e o segura em seus pulmões. Abre os braços, os cabelos se agitam loucos, livres, mentirosos. Fecha os olhos e se deixa levar pela loucura... liberdade... mentira, mentira, mentira.
Sorri tristemente, agora é nada, ou seria tudo?
Agora é apenas vento, lambendo seus ombros, cabelos, pescoço, a ponta dos dedos. É apenas chuva explodindo no peito, inundando o umbigo, colando a roupa no ventre.
Ela sorrí, abre a boca e as gotas geladas estão em sua língua, num novo beijo.
Ela sorrí.
Lentamente fecha a janela e abre os olhos. Está olhando para seus pés enquanto uma gota insiste em fazer cócegas em suas pálpebras, lutando para se desvencilhar de seus cílios e deslizar por sua face. Ela se assusta, lentamente se despe do sonho e volta à realidade ao perceber que a gota é quente.

Faulkner, Som, Fúria

Eu lhe dou o mausoléu de toda esperança e todo o desejo; é mais do que penosamente possível que você irá usá-lo para adquirir o reducto absurdum de toda a experiência humana, mas não satisfará as suas necessidades individuais, como não satisfez as dele ou as de seu pai. Eu o dou a você não para que se lembre do tempo, mas para que o possa esquecer por alguns momentos e não gaste todo o seu fôlego tentando conquistá-lo. Porque nenhuma batalha se vence. Elas não são nem ao menos disputadas. O campo de batalha revela ao homem somente a loucura e o desespero, a vitória é uma ilusão dos filósofos e doidos.

William Faulkner

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Vamos a la playa

Som, som! The Beatles - "Here comes the sun"
http://www.youtube.com/watch?v=OZtQh5EIgWQ

A coisa mais estranha do mundo é ter tempo livre. Acordar sem planos e ficar à disposição da alma.
Cheguei à conclusão de que não sirvo pra isso. Me deixa ansiosa, e muitas vezes frustrada.
Preciso arranjar um emprego o mais rápido possível!!!!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O mendigo misterioso

Encontram-se no saguão o ascensorista e o locutor gago:

Locutor:                        Sobe?
Ascensorista:                 Não.
Locutor, surpreso:         Desce?
Ascensorista:                 Não.
Locutor:                        Algum problema?
Ascensorista:                 Não.
Locutor:                        Com o elevador, quero dizer.
Ascensorista:                 Ah... quebrou.

Um olha para a cara do outro, ficam quietos, e eis que o lacônico ascensorista começa a conversar.

Ascensorista:               É, esse elevador já viu muitos altos e baixos...
Locutor:                      Mas isso é óbvio!
Ascensorista:               Eu quis dizer de outras pessoas!
Locutor:                      Ah...
Ascensorista:              A mais esquisita foi de um mendigo. Vou te contar,
                                  era uma manhã de Segunda Feira, nesse mesmo
                                  lugar... (música de flash back).

A drag queen, sua filha e sua secretária loira bombshell encontram-se no saguão de um elegante prédio de São Paulo. Um mendigo está sentado do lado do elevador, lendo uma revista em inglês.

Mendigo:                   Bom dia senhoritas!
Loira Sexy:                Bom dia!
Filha:                         Olha só, ele tá lendo uma revista em inglês!
Drag:                         É mesmo, que engraçado! Um mendigo letrado,
                                 que chique!
Loira:                        Caríssimas, vamos logo ao escritório. Há muito
                                 o que ser feito no dia de hoje.

O elevador chega, as três mulheres entram. Destaque nas mulheres.

Filha:                         Minha Nossa Senhora! Que coisa mais estranha
                                 esse mendigo!
Drag:                        Ai santinha, ainda isso....
Loira:                        Ora, a cultura deveria ser acessível a todos,
                                 não importando a classe social.
Drag:                        Ah, que droga! Chega de falar desse ninguém!
                                 Vamos falar de coisas mais interessantes... sobre
                                 a minha pessoa, por exemplo!
Filha:                        Egoísmo é pecado! (Fazendo o sinal da cruz)
Drag:                        Pecado... pecado é falar dos outros! Falem
                                de mim!!!

Elas saem do elevador. A cena volta para o mendigo, que continua lendo sua revista. Chegam a socialite e seu filho surfista. O mendigo se levanta, olha bem para a cara da socialite, e senta-se novamente.

Socialite:                   Nossa, que lugar mais mal frequentado!
Surfista:                    Qué isso mãe! Eu sou gente finíssima!
Socialite:                   Não querido, eu não estava falando sobre você...
Surfista:                     E aí mano, certo? (Para o mendigo)
Mendigo:                  Tudo bem, meu rapaz?
Socialite:                   Não fale com esse tipo de elemento, querido.
Surfista:                     Saca só mãe, o cara tá lendo revista gringa!
Socialite:                   Revista o quê, meu filho?
Surfista:                    Gringa, dos estrangeiro, dos home lá de fora,
                                dos esteites...
Socialite:                   Tá, já entendi. Ah, esse elevador que não vem...
Mendigo:                  Talvez se vocês apertassem o botão...
Surfista:                     Pô mãe!!! O cara é mó inteligente!!!!
Socialite:                   Querido, não dê confiança a essa gentinha!
                                 Onde estão os seguranças?!

Chega o conquistador broxa. Ele abraça a socialite para apertar o botão.

Socialite:                    Será que o senhor poderia ficar longe
                                  da minha pessoa? Deveria ter um elevador
                                  especial para pessoas de nossa estirpe,
                                  não é mesmo querido?
Surfista:                     Pô mãe, me ligo em strip... é mó legal!
                                 (tirando a camiseta)
Socialite:                    Estirpe, querido, é uma coisa assim, bem,
                                  como posso dizer... (empurrando o conquistador
                                  que tenta cheirá-la).
Mendigo:                    Estirpe é ascendência, a linhagem de uma pessoa.
                                  E é tambem um tipo de micróbio.
Surfista, assustado:     Mãe!!! A gente somos micróbios?!?!?!?!
Mendigo:                    Não criatura, no caso de vocês ela quis dizer raça.
Surfista, contente:       Ah, legal, a gente somos de raça, né mãe?
Socialite:                    Será que o senhor poderia párar de influenciar o
                                  meu filho? E o senhor me larga, que coisa!

O elevador abre as portas e descem a drag queen e sua filha.

Socialite:                    Onde está a minha filha, sua descarada???
Drag:                         A minha secretária está cuidando da produção da
                                 festa que darei hoje à noite. Mas se quiser falar
                                 com ela é só subir, o meu apê nunca fica fechado...
Conquistador:            A moça tá sozinha? (para a drag queen)
Drag:                         Querido, eu pareço estar sozinha? (apontando para
                                  todos no salão)
Conquistador:            A moça está sozinha? (para a filha da drag queen)
Filha:                         Ai moço, não chega tão perto, é pecado! (fazendo
                                 o sinal da cruz)
Drag:                         Vamos vamos que eu não tenho o dia todo!
                                 Compraremos uma roupa bem sexy para você
                                 arrasar na festa! (arrastando a filha pelas mãos)
Filha:                          Mas eu não quero arrasar nada!
Drag:                          Claro que quer! Só não sabe ainda! Vamos vamos!

E a drag sai levando a filha.

Socialite:                     Vamos lá querido, vamos salvar a sua irmã!
                                   Pobrezinha da minha filha, tão burrinha...
Surfista:                       Peraí mãe! Assim você me confunde! A gente vai
                                   salvar a sua filha ou a minha irmã?!
Mendigo, rindo:           A filha dela é a sua irmã!
Surfista:                       Como você sabe? Você conhece a filha dela, ou
                                   a minha irmã???
Mendigo:                     Diríamos que sim...
Ascensorista:               Sobe?
Surfista:                       Sobe?!
Socialite:                      Sobe!!!

O elevador está subindo.

Ascensorista:               Primeeeeeeeeeeeeeeeeeeiro andar!
Surfista:                       Mãe, vamo na casa do brou pegá minha parafa!
                                   (puxando a mãe pra fora do elevador)
Socialite:                      Parafa?!
Surfista:                       É veia, parafa!
Socialite:                     Ah droga, perdemos o elevador... vamos ter que
                                   subir tudo de escada...

Sobram em cena o mendigo e o conquistador. Chega uma empregada correndo, com pacotes de comida nas mãos.

Conquistador:              A moça tá sozinha?
Empregada:                 Tô não moço... por acaso tô eu mais o senhor
                                   e o moço do elevador, num tá vendo não?
                                   Que coisa... será que o senhor não podia de
                                   segurar um tiquinho esses pacote aqui prá mim?
Conquistador:              É claro!

Conquistador pega os pacotes, joga-os no chão e agarra a empregada.

Empregada:                Sinhô, os ovos!
Conquistador:             Calma moça, que eu não tô sentindo nada ainda...
Empregada:                Não moço, os ovos que eu acabei de comprar!

A empregada abaixa pra pegar os pacotes, o conquistador mede a bunda dela, pensa um pouco e a agarra novamente. A empregada grita assustada. O ascensorista olha para ela.

Ascensorista:              Que foi moça?
Conquistador:             Nada, nada mesmo (olhando pra dentro das
                                  calças...)
Empregada:                Os ovos quebraram... vou ter que ir comprar
                                  mais...

Eles sobem até o apartamento da drag. A empregada larga os pacotes e volta para comprar mais ovos e o conquistador vai atrás dela. Em seguida saem a socialite e o surfista arrastando a loira sexy.

Loira:                         Querida mãe, você poderia pelo menos me dizer
                                  qual é a sua intenção?
Socialite:                     Salvá-la das garras dessa desavergonhada!
                                  Você sabia que ela é... ele?
Surfista:                      Ela... ele... eu...
Socialite:                     Filhinho, fica quietinho que a mamãe está
                                  explicando umas coisinhas pra sua irmã...

Entram todos no elevador, o conquistador tentando encoxar a empregada e a socialite, as duas empurrando ele. O ascensorista anuncia a chegada ao saguão, onde o mendigo está lendo sua revista e estão chegando a drag queen e sua filha.

Socialite:                     Ah, aí está você sua destruidora de lares felizes!
Drag:                          É comigo isso?
Loira:                          Não se exaltem!
Socialite:                     Filhinha, preste atenção que eu vou falar bem
                                  devagar: essa senhora que se diz sua chefe é
                                   um HOMEM!

O conquistador que estava cheirando a drag faz cara de nojo e corre pro outro lado.

Filha:                          HOMEM?!
Drag:                          Querida, eu não queria que você soubesse
                                  dessa forma... mas eu tenho um joãozinho...
                                   e eu sempre quis ter um bebe, mas o joãozinho
                                   nunca permitiu...
Surfista:                       Tá vendo mãe! Eu falei que era muié! Ela tem
                                   um João na vida dela!
Socialite, rindo:            Esse meu filho é tão piadista...
Empregada:                 É verdade... eu sempre soube que você era
                                   homem... se você soubesse quantas noites eu
                                   sonhei em estar com você debaixo da mesa,
                                   ouvindo Amado Batista...
Drag:                           Sai de mim, Juleuma! Tenho um joãozinho,
                                   não nego, mas me recuso a ser espada!
Mendigo:                     Ai que discussão inútil...
Surfista:                      Inútel...

Ultima cena.

Todos no saguão do elevador.

Drag:                           Mas afinal quem é você?
Socialite:                      É, quem diabos é você que fica sempre aqui???
Mendigo:                     Eu sou o seu marido! Pai dos seus filhos! Você me
                                    abandonou quando perdí a minha fortuna e agora
                                    nem se lembra de mim!
Socialite, desmaiando:  Você... era... gordo!

A socialite desmaia, a empregada e a drag tem ataques histéricos, a filha da drag se ajoelha e começa a rezar, anunciando o fim do mundo. O surfista fica cheio de perguntas inúteis e a loira se aproxima do mendigo.

Loira:                          Então, você é o meu pai?
Mendigo:                     É, eu sou o seu progenitor.

O conquistador se enconsta na loira.

Loira:                            O senhor deseja alguma coisa?
Conquistador:               Quero que você ressuscite o meu finado
                                     joãozinho.
Loira:                            Papai, será que o senhor poderia dar um
                                     jeito neste senhor?
Mendigo:                      É claro, minha filha.

O mendigo chega no conquistador, o abraça e as luzes se apagam.

Conquistador, gritando: Subiu!!!!!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Fadinha

Posso parecer várias coisas
todas elas vão remeter
a uma vontade louca
de beijar tua boca
rasgar tua roupa
isso não tem fim
só tem começo e meio
isso é a razão que me move
e alimenta vida em mim
e se é assim
seja intenso, terno e denso
se é assim
seja suor, saliva e emoção
num gosto puro
num gosto teu
num gosto que atiça
e seduz e encanta
és feiticeira, fada e bruxa
a um só toque maravilha e espanta
impossível não te amar
ao te amar impossível te querer menos
ao te querer, te querer mais
heis minha sina de mortal
te amar por toda a vida, a cada sopro
te amar enquanto respirar
e além de tudo
te amar mais
te amar e resgatar a humanidade perdida
resgatar o sentido de existir.