quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Tentando se habituar...

O tempo corre ligeiro por estas linhas
deixa marcas imutáveis no rumo dos fatos
voa célere por entre os dedos
arrebentando fio a fio do meu enredo.
O dia segue infinito entre os cachos dos meus cabelos
crava minha estória nas tuas fibras, grava teu nome no meu peito
enraizando na minha memória signos embevecidos.
O porvir se multiplica estrelado enquanto a escuridão prospera
e o tempo, este senhor caprichoso, brinca com minha estória
risca minhas revelações, nega minhas vitórias...
me desafia a mais um nascimento.

Setembrino, alegria alegria!

Viveu Setembro?
Ele vem novamente se o destino te permitir
Com suas flores e frutas madurando
Furacões e Julia Setembrina!

Dolorido deixar o dia morrer sem nenhuma coisa boa pra contar
Dificil chegar em casa e não ter alguem pra cantar junto
Pra contar piada e doer a barriga de tanto rir
Pra dividir o pão e a lua

Setembro morre como a fênix
E se o destino te permitir
Vai ver o advento dos tempos, e terá uma nova chance

De se entregar e chorar, e depois sorrir
De sofrer a dor enquanto durar e depois deixar partir
De ser nobre e não ferir

De ser inocente e acreditar que alguem te completa
De ser humilde e aceitar que é humano

E cantar, mesmo que desafinado, porque as flores hão de se abrir.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Azedo

Som, som! Duff - "Mercy"
http://www.youtube.com/watch?v=KE2orthS3TQ

Hoje dei por falta do tempo da semana passada... se eu tivesse mais uma semana eu teria lido o livro do Julian Barnes completamente. E teria me deparado com o conto "O reviver" antes de finalizar o trabalho de pós graduação que foi entregue sábado passado. Certamente teria trabalhado com ele... que se analisa por si só!
Absorva esse parágrafo: "(...) Nossa era bem informada rejeita a que a precedeu por seus lugares-comuns e evasivas, suas centelhas, suas chamas, seus ardores imprecisos. O amor não é uma fogueira, pelo amor de Deus, é um pau duro e uma vagina molhada, rosnamos diante dessas pessoas que desfalecem e renunciam. (...) Quando foi a ultima vez que você teve as suas mãos beijadas? E se teve, como soube que ele era bom nisso? (Indo mais longe, quando foi que alguem escreveu sobre beijar suas mãos?)"
O velhinho sofre e se debate com seu próprio tempo! O tempo em que ele era escritor e tudo era comedido e insinuado, e o tempo atual prático e despachado ao que ele deve adequar a sua obra.
E o melhor de tudo, ele traz à nossa consciência que devemos "nos preparar para as zombarias de um século posterior" (p. 119). Talvez o amor romântico volte à moda... até ombreira volta à moda, por que não?
Em "As coisas de que sabemos" participamos de um café da manhã de duas velhinhas viúvas e fooooooofas. Merril acha que o marido de Janice era gay, Janice acredita que o marido de Merril era um garanhão descontrolado. E agora elas se suportam porque uma acha que tem que cuidar da outra, veja só a situação.
Elas direcionam suas vidas por conta de seus pensamentos, que para elas é a realidade.
Todos os contos falam sobre as reações diversas diante da finitude da vida.
Fiquei fã.
"Um toque de limão", Julian Barnes, Ed. Rocco.

Destino?

Segue temendo os ecos dos próprios passos
reverberando nas paredes, enchendo de pânico.
Coração apertado de dúvidas, alegrias e rancores.
Sem jeito, sem solução
vai seguindo.

Dia dos Arcanjos

“QUE A ESPADA DO NOSSO QUERIDO E MUITO AMADO ARCANJO MIGUEL CORTE DA NOSSA VIDA TUDO QUE NOS AFASTA DA NOSSA VERDADEIRA FELICIDADE.”

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O próximo passo

O desconhecido me procurava e eu fugia,
ele me cercava, eu corria...
O medo comandava, eu sumia.

Mas ele me alcançou. A vida tem dessas coisas.

Abracei o desconhecido e me deixei conduzir.
Bailamos por noites infinitas... sons surpreendentes, movimentos improváveis...
e logo me esqueci do medo que eu sentia.

o desconhecido acrescentou horizontes aos meus olhos cegos
E me lembrou de como era viver pela primeira vez...

domingo, 27 de setembro de 2009

"Trust the tale, not the teller"

Há uma marca na sua nuca. Estou sentada atrás de você e enxergo perfeitamente o contorno irregular da cicatriz. Você nunca mencionou-a... bem da verdade é a primeira vez que me atento que existem indícios de passado no seu corpo.
É alto verão e estamos todos entregues ao efeito sufocante do tempo. Meio moles, sem vontade de muita coisa.
O barulho do ventilador é meio irritante, tento ignorá-lo. Mas aquela marca na minha frente... o calor, o zumbido... entro numa espécie de transe acordada.
Tudo some à minha volta e uma outra realidade se apresenta. Vejo cenas que talvez não tenham acontecido, enceno diálogos imaginários, e momentaneamente tenho respostas para a questão que nunca será formulada.
Não há sentido em despertar os mortos.

Guy Debord é tão atual!

Som, som! System of a Down - "Hypnotize"

Depois de estudar, entregar a análise literária de acordo com a teoria de Guy Debord e Edgar Morin, passar no sapateiro, comprar os presentes de aniversário que estava devendo vergonhosamente, comprar shampoo e dormir um bocadinho porque eu mereço, lá estava eu no meu habitual point de sábado de todos os sábados desde fevereiro: livraria Cultura.
E desta vez eu não tinha a obrigação moral e cívica de comprar nenhum livro caríssimo (e desejado). Mas é claro que eu tive que preencher meus vazios existenciais...
Com meu consumismo devidamente alimentado por nossa sociedade capitalista fui obrigada a usufruir do meu direito de cidadã da cultura do espetáculo. Ou seja, comprei. Mas era uma promoção tãaaao boa....
O que me faz pensar... pra quê estudar tanto???

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Inevitável.

Que desatino!
Excesso de zelo com o já definitivo
O destino segue sem permissão
descuidado, é apenas vida
tecida em linhas emaranhadas, coloridas
longas e finas.

Viver é celebrar diariamente

Entender nossos próprios arroubos, compreender nossas vicissitudes
Lograr uma mudança de comportamento, planejada e desejada
Isso é sobre-humano, eis o nosso Nietzsche
Encontrando nossos deuses em nossos atos, divinificando nossas ações
plenas de fé em passos mais firmes
Não só carne e osso expelindo verbos
mas encantamento nos olhos brilhando
seduzidos pelo Sol de cada dia.

Homem, tua lua é incerta
teu tempo é metáfora para agonias e angústias
tua roupa é armadura improvável.

Despe o corpo, mostra a alma,
banha tuas mãos em lágrimas e limpa o espírito das sentenças proferidas
palavras ao vento, carregamos até onde alcançamos
depois da fronteira largamos o peso do mundo.
Se faz a hora de tomar o que é seu por direito
chegou o ensejo de se oferecer a paz.

Eu não sou feliz as 6h da manhã

Som, som! Franz Ferdinand - "No you girls"
http://www.youtube.com/watch?v=25sBhhOR4lw

Eu deveria acordar cedo pra ir malhar. Deveria mas não acordo. Ou tá muito frio ou tá chovendo, e eu não mereço sair da minha cama quente pra fazer ginástica.
Pois é, me dou esse luxo diariamente....
Mas hoje eu tive que levantar as 6h da manhã. Porque alguem precisava de mim, alguem importante, daquelas que a gente não fala "não". E eu definitivamente não sou feliz as 6h da manhã. No way.
O cabelo não ajuda... e tive que decidir a roupa que vestiria hoje ontem a noite. Não dá pra confiar na minha cognição pela manhã - e no escuro, porque não suporto luz acessa as 6h da manhã. Levantei, joguei água fria no rosto, joguei um pão no estômago, e fui.
Agora são quase 10h... meu cérebro começou a absorver a realidade... preciso de um café.



Ainda bem que não acreditei na previsão do tempo! Estou de blusa, jaqueta, cachecol, perfeito para hoje. E passei um creme porreta pra segurar a cabelança. Vento gelado, sabe como é... saí de casa como uma lady e vou chegar como a Amy Winehouse depois de baladinha forte.
Já botei uma cor nas bochechas assim as pessoas não vão pensar que estou morta - com essa falta de sol estou ficando meio verde, sabe? Nada sexy.
Ready for another day! Meu humor está melhorando, hoje é sexta feira, a cafeína já está no meu sistema circulatório!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O cheiro da pólvora no cano da arma

Acordei tão só quanto o sol, e ainda assim conformada. O gosto amargo do teu beijo queimou minhas pálpebras abertas para o luminoso ar que enche os pulmões e seca as narinas... as narinas... lembro-me delas inflando ao som da voz de leão rugindo contra as paredes dos meus ouvidos. Essas tuas palavras duras, áridas como meu coração drenado de todo o sangue, de todo suor do teu corpo no meu. A lembrança desse sonho me atingiu como estilhaço num susto refletido na janela. Os olhos vítreos que me encaram são os olhos que desacreditavam no movimento da tua boca ímpia, que revelavam dentes brancos em sorriso azedo. Não alcanço tua alma, bem da verdade meu esforço é em vão. O caminho da veia no teu braço é sugestão de delírio e desejo, mas carne morre, carne é tempo que passa. Memória tambem passa. Eis que o sofrimento não é atemporal e tudo isso me ocorre enquanto sobe o cheiro de café escada acima.

Leve


Espírito indomável e livre, levanto minha bandeira e sigo só
não levo bagagens, meus ombros não pesam, dispenso rotas.
A liberdade é um estado solitário, uma escolha indelével
de peito aberto reverencio as consequências, com um sorriso nos lábios
escrevo minha estória, página a página do meu destino.

Primavera gelada...

Som, som! The Whip - "Blackout"
http://www.youtube.com/watch?v=C8VVA-EWi30

Acordei cedo, mas me atrasei. O de sempre, como sempre... correndo pra me arrumar, me distraindo, perdendo a noção, me assustando com a hora, voltando à correria... o de sempre como sempre.
Preciso ler um texto e resolvi essa questão no ônibus. "A filosofia e o pós-moderno". Vejo a hora num relógio de rua, estou atrasada, droga, o que estava lendo mesmo? O autor filosofando sobre pós-modernismo, pós-moderno, pós-modernidade. Por que os acadêmicos gostam dessa prolixidade, dessa profusão de palavras difíceis? Me dedico ao estudo, mas não posso dispôr do tempo necessário para isso... e quem pode hoje em dia?
É um desfile de palavras enquanto o semáforo está vermelho... todas de mãos dadas diante dos meus olhos. Ai, meu ponto. Vou descer.
Quinze minutos de leitura e um capítulo vencido. Mas o que eu li mesmo?
Tem algo mais pós-moderno do que eu mesma?!
Agora estou aqui escrevendo, pensando, trabalhando, e arquitetando o dia. Almoço de trabalho, happy hour de amizade. É preciso encaixar tudo, prestigiar tudo. Lembrei que tenho que pedir pra alguem buscar minhas gotinhas homeopáticas. Ah, retornar uma ligação de ontem a noite... que desatino, o ontem a noite nem existe mais!!!

Bom dia!

Abrir a janela e o peito
receber o sol na cara, aquecer o coração
Viver a pintura da tela
Partilhar do sonho da rua
Subir à lua

Viver como se fosse o último dia, respirar como se fosse a última vez

Pisar no chão com os pés descalços
Esticar o corpo como um gato
Sorrir acreditando que a vida é sua
Tomar do tempo o tempo que é seu


E sendo humano, sobretudo superar-se a cada dia.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O som e a fúria

Agitando bandeiras desfraldadas segue exigindo o que é seu
O vento batendo no rosto gelando o suspiro que escapa entre dentes
Garoa colando no ventre
A interminável busca pelo inalcançável desafiando a certeza da morte
O mais longo dos dias comendo os fios da paciência
Brigando com a sensação de que a solidão pode ser confortadora, e não reveladora
Lutando com a própria imagem no espelho (que um dia vai reconhecer).

A vida é feita de som e fúria, completamos William Faulkner...

A crise te obriga ao conluio entre teu passado e teu futuro
para que consiga sobreviver ao teu presente.

Cada vida uma novela, cada caso um caso, minha vida daria um seriado...

(Re) Nascimento

O que é a vida senão uma longa espera?
A mãe espera nove meses... espera ensinar o melhor... espera evitar o pior...
O pai, este homem inigualável
espera suprir, espera estar presente.
E a gente segue esperando...


Esperamos que a vida seja doce e leve
Esperamos ter saúde, dinheiro e paz
Esperamos que o amor nos complete!


E eu?
Eu espero a primavera.

Queimando neurônios

Som, som! Lady Gaga - "Love Game"
http://www.youtube.com/watch?v=O5-ZiNwv6kI&feature=channel



Este mês descobri o livro "Iniciantes", de Raymond Carver.


E eu neeeem sabia que esse livro tinha uma estória além da estória.... é uma reedição dos contos anteriormente publicados sem as tesouradas (e mexidas) do seu editor inicial. Ui. O cerne é o mesmo, mas no final ficaram dois livros diferentes - é o que dizem, não lí a primeira versão.

Mas eu li "Iniciantes", vulgo o original; é meio angustiante. São cenas da vida, de qualquer vida... têm muito da solidão e seus desdobramentos, desencanto, violência. O escritor era um looser himself no american way of life e transpôs esse sentimento no papel. Cool! Cool! Garotas depressivas, go for it!!!

Apesar de tudo, não é um livro denso... Carver é bom na escolha das palavras, não é dificil montar toda a cena na cabeça, e entender o que ele quer dizer. Porque no final não é uma estória de começo, meio e fim. É um momento, não dá nem pra julgar, não temos informações suficientes.

Curti.

Primavera,

quando eu renasço.

Funny thing....