Vou contar uma coisa que vai fazer muita gente torcer o nariz. Não que eu realmente me importe... afinal cada um sabe o que fazer com o próprio nariz... mas tenta não fazer isso. Dói. E não vai mudar o que eu vou contar.
Mas sem crise.
Fui uma adolescente no sentido mais romântico da palavra. Daquelas que dançava de olhos fechados toda vez que tocava "Like a prayer" no rádio da sala. Isso no meio da lição de casa. Sensacional.
Daquelas que sofria intensamente as dores do mundo que eu nem sabia quais eram. Mas era bonito chorar escolhendo o melhor ângulo no espelho. E sofrer, sofrer, sofrer. Julieta Romeuless.
E eu tinha a mais absoluta certeza de que morreria aos 20 anos. Louco isso. E o mais incrível: achava lindo. Um quê de rebeldia pura. Eu, Janis, Jim "and let Jimmy take over".
Mas então, não morri. Pelo contrário! Comecei a tomar gosto em colocar os tijolinhos na construção esperada, sabe? Continuei dançando na sala, mas abaixei o volume pra não incomodar os vizinhos. Continuei sofrendo - mas propositalmente, pra render em textos que hoje sinto mais fluídos e consistentes.
Aprendi a cozinhar, costurar, pintar, escrever, ganhar meu próprio dinheiro. Tomei gosto por exercícios físicos, o que mantém meu corpo forte e a lei da gravidade longe - for now.
Mulé perfeita. Bom? Pode ser... pra quem tá enxergando de fora né? Pra mim a melhor parte, mesmo, é quando morro. É people beautiful, você leu certo. As vezes tenho a consciência de que morro. E recomendo. É li - ber - ta - dor.
Aí eu derrubo todos os tijolos que demorei tanto tempo empilhando. Aumento o som, converso com o jardim e atravesso a cidade a pé. Rio alto dentro do ônibus. Converso com desconhecidos sempre que possível. Vou de pijama na padaria (esse eu adoro).
Tem colhão? Demita-se. É humano mesmo? Mude de idéia. Reconheça que precisa de segurança. Eu preciso. E recoloco um tijolinho. Porque a vida é isso né? Uma sucessão de mortes e renascimentos, como o dia que vem depois da noite, a inspiração que vem depois da expiração, o vizinho enchendo o saco depois de ouvir Kings of Leon pela quadragésima nona vez.
Depois de alguns poucos anos de vida ouso dar um conselho: SAIA DO PILOTO AUTOMÁTICO. Nem que seja muito de vez em quando.
Adorei Dani.... era disso que eu precisava, especialmente hoje (é dia, mas estou em plena noite escura da alma...)
ResponderExcluirMel (melrossi@yahoo.com.br)
PS: cheguei até aqui através do Paulo Urban
Que bom que gostou, Mel! É sempre bom abrir uma frestinha da janela pra amenizar a escuridão... e aí nessas horas vc lembra que a vida é uma Roda da Fortuna... as vezes em cima, as vezes embaixo... tudo passa... :)
ResponderExcluirVolte mais vezes e me conta como vai a sua jornada que eu quero saber!
Beijo!
Uma frase boa sobre o que você citou é "com as pedras que me atiraram eu construí um castelo".
ResponderExcluirSobre a Roda da Fortuna, sabia que o termo Fortuna vem de Vortumna, que quer dizer vórtice?
Isso por causa da aleatoriedade referente ao ato de se girar a roda e não se ter como saber onde ela vai parar.
Que é que acontece algumas vezes na nossa vida.
Valeu.