sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A cozinha é o útero da casa

-É um repolho!
Ele diz, cheio de si. Sim, é um repolho... daqueles graúdos que podem esconder uma cobra que entrou lá pequenina e cresceu enrolada em si mesma.
Pego o repolho e entrego ao menino, ele me olha com olhar vitorioso que se abre em sorriso sincero.
Fico feliz em participar dessa conquista... ele antes era apenas um erro, e agora nos permite enxergá-lo como humano!
E dessa criança renegada brotam sons de riso, como gorjeios das aves que nos observam através da janela aberta. Um pequeno gesto que transborda o meu coração e me faz acreditar em recomeços...
É um repolho, um grande repolho que repousa entre mãozinhas ansiosas por agradar, por querer bem. E numa simples descoberta se conecta ao mundo, e à mim. Quanta alegria se esconde atrás dos seus movimentos curiosos! E ele gira o repolho, cheira, solta, volta à agarrá-lo. A forma do alimento o encanta e diverte, e nos traz de volta a inocência da infância, que em algum momento nos foi roubado.
Meu pequeno ser que me segue pela cozinha, desfilando orgulhoso seu vocabulário. E nele se compraz.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Charlotte Bronte

Som, Som! - Sheryl Crown - "Soak up the sun"
http://www.youtube.com/watch?v=MCBUzzBm4cg

Estou no meio de Jane Eyre, e já tenho discursos prolixos sobre religião, cultura, estética e humanidade. Comparando as pessoas por seus textos é fácil dizer que Charlotte é mais rebelde e forte do que Emily. Sua heroína é uma mulher a ser admirada - levando em consideração que foi escrito na era vitoriana posso dizer que é uma transgressão.
Mas ela me cansa. As paixões de Emily são mais envolventes.
Vamos seguindo.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Confissões

Som, som! The Beatles – “Good morning”

Um dia eu quis ser uma pessoa diurna! Daquelas que levantam bem cedinho, cheias de vontade de viver... mas não sou...
Levanto da cama arrasada, de mau humor, desejando imensamente um balde de café e a ausência de presença humana nos metros quadrados mais próximos a mim. Se encontrar alguém bem humorado é risco de vida certo.
Sou daquelas que enrolam até o ultimo segundo pra largar os lençóis. Saio da cama já com saudades, desejando ardentemente o final do dia e o reencontro com meu travesseiro. Viver nesse meio tempo? Que disparate!
O resultado disso é que estou sempre atrasada e com a maquiagem por fazer. E muitas vezes me esqueço itens indispensáveis para um bom aproveitamento do dia. Coisas do tipo o vidro de esmalte ou a luvinha da academia. Já bolei alguns esquemas pra minimizar esses estragos, mas não existe 100% de cobertura neste meu seguro...
Neste caso querer não é poder e depois de algumas décadas aprendi a conviver comigo mesma. Me esforço, mas não me forço. Sei que o dia vem, e a noite também. Aprendi a ser mais tolerante, pôr um sorriso no rosto e suportar com graça esta minha particularidade. E por volta do meio dia volto a ser gente e tudo fica mais colorido!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

A Alma dividiu-se em muitas formas, infinitas
seguiram vagando sem rumo, sem prumo
procurando-se nas curvas do tempo
buscando-se nas esquinas do espaço.
As almas diminutas e incompletas
atormentadas pela falta de si mesmas
choravam sofrimentos indizíveis
sublimavam a própria escassez com pretextos inúteis
fúteis, vazios.
O destino brinca com as possibilidades
e, as vezes, promove o acaso.
O encontro das almas é um momento único
e é límpido e claro, é nítido
quando os olhos das almas se cruzam
quando a Alma se faz inteira.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Num tempo de sentimentos rasos e palavras fáceis

Num tempo de sentimentos rasos e palavras fáceis
busco luz num caminho sem destino
busco paz entre músculos e fibras.

Numa era em que carne e sangue formam corpos
expelindo ar e vagando sós
ouso tatuar sonhos na tua pele
arrisco gemer no teu ouvido.

Imprimo meu suor no teu corpo
deixo pistas no teu lençol
pouso meus olhos sobre teus ombros
clamo a paz entrelaçada nos teus sorrisos.

E se, deixando minha boca, se perdem
e se no teu corpo não encontram reflexo
ainda assim meu sangue evapora as lágrimas
ainda assim busco a compensação de quem arriscou.

Esta hora vazia não é minha, cuspo este tempo que não é meu
recuso essa vida cinza e sigo colorindo meus passos
minhas fibras plenas de estórias atemporais
transbordam as idéias mais inebriantes
de quem faria tudo novamente.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Fixação

Há uma neblina densa... não sei dizer ao certo se dentro ou fora da minha cabeça. Isso me leva à sacudí-la, a princípio suavemente, logo em seguida com violência.
Perco um pouco do meu frágil equilíbrio. Abro os olhos, busco um apoio, firmo os dedos no umbral.
Inspira, expira.
Vagarosamente a neblina volta a me abraçar.
A realidade toma o seu lugar, e é estranhamente reconfortante perder a vista nessa imensidão esbranquiçada.
Não me sufoca, nem à minha voz - apesar de saber que ela não alcançaria ninguém neste momento.
A neblina me isola, e não me sinto desprotegida. Posso rasgá-la, mas não quero. Posso vencê-la, mas suplico que fique comigo, me abrace e me acalente.
Questioná-la me fere de certa forma, me obriga a enfrentar respostas que não quero ouvir.
Prefiro viver mornamente este dia cinza.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Livro Mentirinhas Inocentes, de Gemma Townley

Se Eva não tivesse mordido aquela maçã não teríamos internet, Marc Jacobs ou Shakespeare...



Alguma verdade

Teus olhos de estrela brilham mais que meus sonhos mais antigos
meu futuro nunca foi tão vívido e esperado
meu passado tão pálido e esquecível.
Eu te amo, e te amar é como transbordar
te querer e te ter tão perto é como respirar novamente
depois de tanto querer e não ter
depois de tanto dormir e não sonhar.
Você consegue despertar em mim o que teimava em se esconder
você alcança em mim a mulher que quero ser
e provoca meus sentidos com toda a tua perfeição
e intui na minha vida caminhos de suor e glória.
Desde que teus olhos cruzaram os meus
faço planos nunca antes feitos, teço suavemente palavras doces pra te encantar
vivo o entusiasmo das promessas de dias plenos.
Desde que teu corpo tocou o meu
acordei de um tempo morno e meu passado desvaneceu.
Atrevida, te aceito em minha vida como verdade única
ousando proferir-te meu homem.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora

Vinícius de Moraes

Som, som! Ella Fitzgerald - "Blue Moon"

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Morro dos ventos uivantes

Som, Som! The Airborne Toxic Event - "Sometime around midnight"
http://www.youtube.com/watch?v=E2YnDlEMXiU&feature=PlayList&p=A3D6AB6DE15678DA&index=0&playnext=1

Sou uma leitora assídua das obras do período romântico. A meu ver a maior estória de todos os tempos é Romeu e Julieta, obviamente porque todo mundo morre, literalmente, de amor.

Estive nos últimos quinze dias curtindo um momento Bronte - Lí Emily e daqui a pouco começo a Charlotte.
Wuthering Heights é uma beleza. Um sofrimento só.
Earnshaws e Lintons se confundem o tempo inteiro. Catherine é Earnshaw, aí se casa e se torna Catherine Linton. Sua filha é Catherine Linton, se casa com Linton (!!!) e torna-se Catherine Earnshaw.
Catherine mãe enquanto Earnshaw era feliz... Catherine filha era feliz enquanto Linton.
Confuso?
Heathcliff é apenas Heathcliff, nenhum sobrenome o acompanha, não há estória - nem prévia nem posterior a ele...
Ele é um elemento que atua sobre as duas famílias, desde o princípio. Há momentos felizes, claro, mas o cerne da sua passagem é o sentimento de vingança ocasionado pelo rancor e inveja de não ser Earnshaw, e pior, por ser preterido por um Linton.
A força que poderia ter parado todo esse ódio é Catherine, mas ela também era "muito" humana. Morre por suas escolhas, e o que sobra são personagens tentando sobreviver ao orgulho ferido. E a forma que Heathcliff encontrou de compensar o desprezo recebido foi dominar toda a propriedade, as terras e os filhos, das duas famílias. Péssima idéia, pois a geração posterior o lembrava de Catherine, a razão de toda sua paixão... e ele sofre, sofre, sofre. E faz todo mundo sofrer junto.
Uma estória muito romântica, daquelas em que somente a morte liberta!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Num sábado de Outubro...

Som, som! Alanis Morissette - "You oughta know"
http://www.youtube.com/watch?v=dR6mEu5-egA&feature=related

... estava esta que vos escreve mirando a neblina através da janela... pensando pensando pensando... se deveria sair da cama, do quarto, do apartamento, da promessa de um sabadão tranquilo... para ir pra aula de pós-graduação.
Enfim, saí. Certas coisas não adianta pensar muito.


... antes tivesse pensado mais....


O que faz uma pessoa defender entusiasticamente que uma monografia deve visar "um bem maior ao restante da população mundial"? Não é minha intenção julgar se ainda há inocência no mundo... mas eu não precisava sair da cama, do quarto, do apartamento, pra escutar este tipo de colocações. Ah, sob chuva torrencial, esqueci de dizer.
Vou me abster de further information sobre esta aula. Ou sobre a reunião na parte da manhã. Minto, preciso desabafar!!! Foi dolorido.


Pronto, falei.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

... sunlight in her hair...

Vida é o que se vê da janela da alma
enquanto o torvelinho domina o que há dentro
amarra, cansa, derruba
faz desistir do sagrado.
Vida é a festa entre teus olhos
tão longe dos meus dedos
distantes do meu horizonte.
Meu corpo é abismo, clamando cor
em um caminho de solidão
esperando o tempo emborcar o abandono
convocando a fé ao jugo dos atos
desvairados de quem sucumbe à dor.
Destino, faz de mim tua obra prima
eu que sou matéria e energia
meu corpo que é areia e cal
sangue e suor.
Transforma o gris em arco íris
converte meus desejos em movimentos
torna suspiros, Vida.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Revista Galileu, edição Outubro/ 09

"Ouvimos diariamente uma série de verdades absolutas que, por comodismo, educação ou desprendimento, jamais questionamos."



Desassossego

O sorriso que ilumina tua face aquece o dia, como um sol, um sol particular que se acende todas as manhãs, e à noite deita entre as maçãs do teu rosto... que calma resplandece de teu peito que sobe e desce sob meus dedos, das tuas narinas que expelem vida e voltam a sugar o ar, numa dança lenta e ritmada, contrastando com meu coração descompassado, com meu desejo dificilmente controlável de morder teus lábios e roubar o teu sossego, tirar o teu sono e inquietar o teu corpo.
Os anéis de teus cabelos parecem zombar de minhas mãos, presas entre sonhos e mechas. Minha alma palpita e desprende de meu corpo a cada suave movimento das tuas pálpebras. Tua imagem tranqüila enternece meu coração, que sofre docemente o esquecimento em teu sono inefável.
.. ah esse teu cheiro inconfundível que me perturba os pensamentos, e turva meus mais sinceros desejos de velar a tua entrega à Morfeu.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Très Cool!



Som, som! The Cardigans - "Lovefool"

A boca de amora se abre em suspiro confuso

A boca de amora se abre em suspiro confuso
olhos arregalados contemplam o inevitável.

O rubi em teias sobre a carne mancha suavemente a pele branca.

A tinta infere os caminhos da água e do vinho.
A linha fere o suporte e expõe ao ar a vida que transpira no risco célere.

Teu cheiro guiando minhas certezas
meu desejo transformado em orações
tentando derramar âmago em versos

me despedaço em letras pra você juntar.

Imagino teus olhos correndo as curvas sensuais sobre o papel
posso ver a sua boca movendo-se em silêncio
enquanto me busca entre signos despidos.

O que eu quero mesmo é dizer da febre que provoca
tuas carícias violentas.
Exprimir da fome e da sede que me castigam
quando a única forma de te tocar
é através de frases.
Frases mal resolvidas.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Sonhador

Semeio flores no teu peito
cultivo diariamente teus sorrisos em minha memória
esse campo dourado de sonhos que encontrei nos teus braços
perfuma meus desvarios, acalma meus desatinos
eu que ceifava as ervas agora seguro tua mão
e sigo em caminhos floridos.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Existencialista, hoje

"Todo existente nasce sem razão, prolonga-se por fraqueza e morre por encontro imprevisto"
Sartre

A folha dança no galho enquanto o vento a fustiga
celebra a raiz que alimenta e o fio que a segura
desdobra os braços espalha sementes
de novo
e de novo
mesmo sabendo que nem todas vingam.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Perfeição

Enrosca tuas pernas nas minhas e entrelaça teus dedos nos meus
me aconchega em teu peito largo e suspira teus sonhos em meus cabelos
embala minha indolência com tua respiração ritmada
mergulha nesse momento inefável de amor e carinho indizíveis.
Receba meu corpo com a mesma paz, alegria e tranquilidade que te oferto meu sossego
receba essa vida com o encantamento e assombro com que abrimos os olhos diariamente
com a graça de mais uma dádiva, com a certeza de mais um dia.

Partida: Campo Limpo / Destino: Consolação

Som, som! Billie Myers - "Kiss the rain"
http://www.youtube.com/watch?v=1MibKBAnjhU

Acordei meio revoltada e sem paciência hoje. É esse tempo cinza que me deixa verde... não me lembrava de um inverno tão insistente a ponto de invadir a primavera por tanto tempo! Isso me deixa assim, com vontade de nada...
G. está em casa assistindo desenhos animados... não é de todo ruim... ontem faltou pouco pra eu deitar do ladinho dele e ficar também. Tenho uns boxes de seriados enlatados em casa, preciso arranjar tempo pra assistí-los. Repertório gente, mantenham em expansão constante - igual ao metrô de SP!
E os livros... ai... uma pilha gigantesca ao lado da minha cama, títulos ansiosos por serem devorados. Chego a ter saudades do tempo em que ficava horas dentro do ônibus. Eu vencia o tempo! A Divina Comédia foi lida em pé atraindo os olhares mais assustados dos anônimos. Era uma edição muito antiga comprada num sebo, toda manchadinha e surrada, cheirando a (obviamente) livro velho. O texto era todo em verso, um desbunde. E Moll Flanders? Um engraçadinho querendo puxar assunto não conseguiu pronunciar o título.
Repertório, minha gente.

Numa quinta feira chuvosa

Som, som! Lilly Allen - "The fear"
http://www.youtube.com/watch?v=q-wGMlSuX_c

Por que será que tem gente que enrola, enrola, enrola e só resolve os problemas no último segundo possível? E aí a vida meio que já resolveu, as possibilidades já findaram, as consequências já estão todas definidas...
Entre as verdades da vida e da morte há uma que diz mais ou menos assim: se você não resolver seus problemas, a vida resolve por você - sem direito à reclamação. Não é uma citação literal, mas o sentido é esse.
Paulo Coelho escreveu um livro todinho sobre este assunto. Esse cara sabe fazer dinheiro... quando crescer quero ser igual! Ouso dizer que "O Monte Cinco" chega a ser um livro bom do ponto de vista literário. Mas não me levem à sério pois não sou tão crítica com o autor... minha parte "celeb trash" curte os livros dele!
Estou curiosa pra assistir "Verônica decide morrer". Sempre achei que as estórias dele dariam bons filmes. São rápidas, fáceis de visualizar, trazem lugares-comuns universalmente aceitáveis e aplaudidos.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

No fim do mar, o horizonte

No fim do mar, o horizonte
e o cheiro do sal que gruda no céu da minha boca.

Sorrir da tristeza azul que se desdobra á minha frente.
Dançando ondas, beijando meus pés
enquanto respiro fundo e o vento me toma
o torvelinho de cabelos e idéias me confunde o rosto.
O sol lambendo meu rosto, minha alma brincando feliz
construindo castelos de areia e sal...
diante da imensidão do mar.

Tempos Modernos

Matar ou morrer em tempos incertos
questionando a realidade em estado bruto que se percebe diante dos olhos
sofrer diariamente o inevitável
sofrer diariamente as escolhas feitas, os caminhos renegados
chorar chorar chorar
gritos desesperados, dores infernais
alma tingida de negro.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Lua Cheia

Som, som! Edith Piaf - "Non je ne regrette rien"
http://www.youtube.com/watch?v=8YGXsw3XK9I

Ela já foi uma estranha em sí mesma, a vida não era dela.
Ela fugia pro telhado de casa e ficava sozinha tentando se libertar... a blusa listrada de azul (a preferida) quase não segurava o vento frio que teimava contra o sol fraco do final da tarde. Mas Deus, como aquele sol brilhava...
O cabelo dourado se eriçava todo e ela alí, com o olhar fixo no horizonte buscando não sabe exatamente o quê.
As vezes os pensamentos se misturavam com o medo, outras tantas vezes a ansiedade mostrava seus primeiros sinais. Mas ela perseguia a sí mesma... ela persistia no horizonte.
As vezes os galhos da amoreira chamavam sua atenção e a jogava em outros devaneios... então ela fantasiava futuros incríveis, sonhos alucinantes. Isso fazia ela fechar os olhos e sorrir. Brincava com as amoras e tingia seus dedos de vermelho... com cuidado pra não manchar a blusa... observava o movimento nas casas ao lado, na rua lá embaixo. Ficava alí acalentando a sí mesma.
Quantas cores tingiam o arco-íris da sua cabeça?
Ela não tinha noção do tamanho da sua vontade, não enxergava a envergadura de suas asas.
Quando o sol desistia dela e a lua tomava seu lugar de honra no céu ela descia. Ainda só, ainda perdida.

A felicidade está nas coisas mais simples

Ou talvez nossa vida seja isso
boas lembranças e o sorriso largo
de quem gostou de cada minuto,
de quem respirou todos os segundos
o perfume de uma existência rica.
Talvez a gente aprenda (ou talvez não)
que cada passo pode levar a um abismo
e que cada queda é uma possibilidade
de se erguer mais alto,
de se voar mais longe,
de se avistar novos caminhos.
Falta muito... falta tanto...
e ainda sim me divirto.

Lembranças

Minha memória guarda segredos em cada canto, e tantos...
que cada vez que fecho meus olhos sou surpreendida por uma velha novidade...
Minha mente é uma verdadeira zona corrompendo meus sentidos
se olho para dentro, me assalta um suspiro
se olho para fora, me perco no céu.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Pavimentando

Findam as possibilidades
abrem novos caminhos.
É tempo de olhar em frente
seguir em frente
tomar coragem e enfrentar tudo de novo.
Amanhecer e entardecer olhando o mesmo horizonte
mas com outros olhos.
Limpa teu coração dos acalentos passados
abre o peito, ergue a cabeça, mostra a alma
e vive, inteiro
porque não há outra forma que vale a pena
não há outra maneira de honrar a vida.
Lisonjeia o presente que o passado te proveu
deixando-se encantar diariamente a cada suspiro.

Adiós a La Negra

Que tristeza é essa vida...

Notícia retirada do portal G1:
http://g1.globo.com/Noticias/Musica/0,,MUL1328880-7085,00-A+VIDA+ME+ESCOLHEU+PARA+CANTAR+DIZIA+MERCEDES+SOSA.html

Conhecida como “a voz da América Latina”, a cantora argentina Mercedes Sosa inspirou oponentes dos regimes militares sul-americanos e acabou exilada na Europa. Entre suas canções mais famosas, estavam "Gracias a la vida" e "Si se calla el cantor". Ela morreu neste domingo (4), em Buenos Aires, aos 74 anos, em consequência de uma doença hepática complicada por problemas respiratórios.

“Eu não escolhi cantar para as pessoas. A vida me escolheu para cantar”, afirmou Sosa em uma entrevista recente para a TV argentina.

Coisas pra se aprender

Som, Som! Soup Dragons - "I´m Free"
http://www.youtube.com/watch?v=ZVGf3ePIO04

Para ser ouvido, fale.
Para ser compreendido, exponha claramente as suas idéias sem jamais abrir mão daquelas que julga fundamentais apenas para que os outros o aceitem.
Acima de tudo, busque o prazer antes do sucesso, a auto-realização antes do dinheiro, fazer bem feito antes de pensar em obter uma recompensa.
Nenhum reconhecimento externo vai substituir a alegria de poder ser você mesmo.
"Status" é comprar coisas que você não quer, com dinheiro que você não tem, a fim de mostrar pra gente que você não gosta uma pessoa que você não é.
Nada tem graça se não for bom para o seu corpo, leve para seu espírito e agradável para seu coração.
Para conseguir tente pensar que o êxito virá logo na primeira vez.
Cuide de ter saúde, energia, paciência e determinação para continuar tentando quantas vezes forem necessárias. Mas ao perceber que já fez tudo o que pôde ou até mesmo um pouco além, mude de alvo para não se tornar em vez de um vitorioso, apenas mais um teimoso.
Para poder recomeçar sempre, perdoe-se pelos fracassos e erros que cometer, aprenda com eles, e a partir deles programe suas próximas ações.
Nunca se deixe iludir que será possível fazer tudo num dia só ou quando tiver todos os recursos. Tal dia nunca virá.
Para manter-se motivado, sonhe.
Para realizar, planeje, pensando grande e fazendo pequeno, um pouco a cada dia e todos os dias um pouco, porque são pequenas gotas que fazem todo o grande oceano.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Corta o pensamento como o fio da navalha

Corta o pensamento como o fio da navalha... essa dor aguda, fina, impessoal. Aquela fenda que surge, a carne aberta arde em fogo, o sangue vermelho brilhante jorra.


Traz à realidade como o choque provocado pelo contato frio do metal, a lâmina que reflete a primeira e única lágrima derramada.

Toma do corpo como um assassino que vislumbra em sua vítima a possibilidade da vida e da morte.

Entrega o corpo com a doçura dos inocentes, com a alegria mórbida dos encantados pela serpente.

Toma o meu corpo com a responsabilidade dos culpados.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Alcohol

Cambaleando doze léguas
nós dos dedos esbranquiçados
de tanta força, de tanta vontade
de se salvar nesse gargalo
depois de se afogar em realidade.

A alma é muito grande

Se enrosca em si
se fecha em copas
não grita, não chora
pensa... pensa...
a fúria toma conta
corrompe fibras e se vai
a tristeza se faz mister
marca o rosto e evapora
fica somente o vazio
e a falta de certeza
de como ser
de que forma viver
nesse mundo que não é o seu.