-É um repolho!
Ele diz, cheio de si. Sim, é um repolho... daqueles graúdos que podem esconder uma cobra que entrou lá pequenina e cresceu enrolada em si mesma.
Pego o repolho e entrego ao menino, ele me olha com olhar vitorioso que se abre em sorriso sincero.
Fico feliz em participar dessa conquista... ele antes era apenas um erro, e agora nos permite enxergá-lo como humano!
E dessa criança renegada brotam sons de riso, como gorjeios das aves que nos observam através da janela aberta. Um pequeno gesto que transborda o meu coração e me faz acreditar em recomeços...
É um repolho, um grande repolho que repousa entre mãozinhas ansiosas por agradar, por querer bem. E numa simples descoberta se conecta ao mundo, e à mim. Quanta alegria se esconde atrás dos seus movimentos curiosos! E ele gira o repolho, cheira, solta, volta à agarrá-lo. A forma do alimento o encanta e diverte, e nos traz de volta a inocência da infância, que em algum momento nos foi roubado.
Meu pequeno ser que me segue pela cozinha, desfilando orgulhoso seu vocabulário. E nele se compraz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário