quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Rainy day

Daí que hoje acordei com o céu se derramando loucamente. Seis horas da manhã. Minha cama tão quente e as perspectivas tão molhadas...Não pensa Dani. Levanta e vai.

Fui.

Surya Namaskar - Meditação - Banho Rápido - Café - Roupa no corpo - Som na orelha - Guarda chuva na mão. Tudo isso em mais ou menos 30 minutos. E sem pensar senão complica. Se pensar pode ser que as meias não combinem com a calça, ou então deveria colocar um brinco, ou quem sabe passar um lápis no olho. Pra disfarçar a cara de sono, sabe como é.

Sem pensar chego no portão, e o celular toca. Do estúdio, avisando que os alunos debandaram por causa da chuva! Fiquei um pouco triste... mas muito feliz! Sacou? Perspectivas quentinhas!!! Mergulhei novamente no pijamão e deu pra dormir mais umas três horinhas! Tchururuuuu...

O que tem tocado no meu mp3...

"The winter way of leaves"


Entre os passos, folhas secas. Destas que cobrem os caminhos e estalam sob os pés, marcando o ritmo de um coração que segue.

E a cada passo uma nova fibra acrescentada à alma, satisfeita em trilhar o caminho do vento gelado, da finitude do corpo, do encanto do tempo.

Tempo de morrer, tempo de nascer. Tempo de despertar, tempo de recordar. Tempo de inspirar fundo... absorver. De expirar suavemente... devolver.

Dissolução enquanto o corpo se move, isso é vida. Refazer-se totalmente diferente a cada novo instante. Deixar que venha e transforme, aceitação amorosa, doçura sem fim.

A vida sob os pés. As possibilidades diante dos olhos. O tempo e o espaço, infinitos, sob o signo da Alma.

Foto: Caio Braga - http://www.flickr.com/photos/docaiobraga/

Yogananda


Sobre o orgulho:
"(...) as árvores que se dobram com o peso dos frutos maduros; e a árvore estéril que ergue ao céu a cabeça, em vã ostentação."

Autobiografia de um iogue, p. 392

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A verdade, afinal...


Convalescente

Triste sina...

Esta que vos escreve está de molho. Teve um péssimo dia ontem, sobreviveu, e hoje tá recuperando as forças. E não tô de sacanagem... devo ter perdido uns 3 quilos nessa brincadeira!

Mas a vida é assim! Um dia a gente tá em cima... no outro estamos abraçados na Celite colocando os bofes pra fora!

Mas o sol sempre aparece, né não minha gente? Pode até estar nublado lá fora... mas minha alma tá vibrando saúde!


3 coisas que eu amo e 1 coisa que eu odeio

Amo me perder entre os livros da biblioteca. Ou da livraria. Ou da minha casa...


Amo demais bolo de fubá farofento e leite com café...


Amo sem limites acordar cedinho e ficar largateando no sol (devidamente acompanhada de som, livros e filtro solar potente, of course)...


... e odeio ter que ir pra hospital!!!


domingo, 21 de agosto de 2011

Yoga no frio

Hoje foi dia de Yoga pela Paz!

E o que São Pedro fez? Derrubou os termômetros, liberou uma garoa fina - daquelas que acabam com qualquer tentativa de penteados cabelísticos, e pra finalizar, ventos gelados! Teste de força de vontade para os praticantes paulistas!
Ai que difícil sair da cama! Domingão típico de inverno...

Mas com muita coragem (e muita roupa), fui. E foi óoooootemo! Krishna Das tem uma voz poderosa. Muito bom ouví-lo num entusiasmado Devi Puja. E achei muito fofo da parte dele cantar uma música em português. Macarrônico, mas português.

Claro que se o sol estivesse tinindo teria sido muito mais aproveitável. Mas mesmo assim, foi muito bom.
Pois é, mas congelei. E nessas horas eu penso "Ah... nada como praticar yoga no parque, cantar mantras com uma galera bicho grilo, e em seguida tomar um chocolate quente na padoca pra descongelar!"

Não é uma boa ideia?

Om Shanti Om!

Parece simples, não?


Over!!!!

sábado, 20 de agosto de 2011

Posição x Pose x Postura

Daí a Claire entrou em parafuso, sabe?

Porque ela tem que ser perfeita! Mulher perfeita, profissional perfeita, mãe perfeita. Acordar linda, preparar comidas orgânicas, entregar os projetos dentro do prazo, corresponder às expectativas da família e da sociedade.

Iniciada nos mistérios da maternidade há pouco tempo, nossa intrépida heroína resolve se entregar ao yoga em busca de um corpo mais forte e "daquele brilho místico do olhar dos yogues". Hum...

Mas o que ela não contava era que o yoga acabaria ajudando-a a confrontar suas escolhas na vida - principalmente essa necessidade absurda de ser da forma que as pessoas esperam que ela seja.

O livro é autobiográfico e vai costurando cenas da vida atual com suas lembranças de infância, justificando suas escolhas e encanações. E tome encanações! Resultado de uma das primeiras gerações de pais separados, o lema de sua vida é fazer de tudo para ter uma família feliz. Nem que pra isso ela não seja tão feliz assim...

E quando ela se vê imóvel em algumas posturas, bem, ela tem que enfrentar o corpo e a mente na permanência, numa jornada de descoberta pessoal. E nisso a autora vai mostrando a filosofia do yoga de forma descomplicada, clara, simples.

E as coisas começam a fazer sentido. E se não fizer sentido... qual o problema?

Fazendo pose
Claire Diderer
Ed. Sextante
333 páginas

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Me umedeceu os olhos...

(...) citação de Susan B. Anthony, uma famosa feminista: "Um dia, vão prestar atenção em nós e... todos vão pensar que sempre foi assim, exatamente da mesma forma que muitos jovens de hoje pensam que todos os privilégios, todas as liberdades, todos os prazeres de que uma mulher desfruta sempre pertenceram a ela."

Claire Dederer, Fazendo Pose, p. 292


Quebradiça

Gent´s,
o tempo tá tão seco que até eu murchei. O cabelo espigou, a pele quebrou, o lábio rachou. E antes que meu nariz começasse a estourar por dentro, jalaneti nele!

Jala o quê???
Jalaneti, amados leitores! A arte indiana de lavar as narinas!

Falando assim parece meio nojento... mas é gostoso! Primeiro você aquece um pouco de soro fisiológico. De leve. Depois coloca na canequinha. Aí você encaixa a ponta da canequinha na narina que estiver mais desobstruída (estou considerando que você já testou e aprovou a temperatura da água. Não vai tostar o nariz e falar que a culpa é minha!!!). E então aponta o buraco desocupado do nariz pro ralo da pia, e vai inclinando a cabeça suavemente para o lado da canequinha. Bem devagar... o soro vai entrando, dá aquela sensação de ai-meu-Deus-tô-me-afogando-tá-ardendo, mas continue, é já a água encontra o caminho e......... sai pela outra narina!


Simples assim.

Repita com a outra narina e deixe a cabeça baixa, assoando suavemente para retirar o máximo de soro que possa ter ficado dentro das cavidades. Suavemente, eu falei! Ah, inclusive por este mesmo motivo, não faça o jalaneti a noite. Assim o seu corpo terá o dia todo para eliminar qualquer aguinha que possa ter ficado para trás. Isso é bem importante - não queremos ficar com o cabeção inchado e cheio de dor, certo?

Nariz limpo, é hora de hidratar. Pingue uma gota de óleo de gergelim no dedo mínimo, mais conhecido como mindinho, e oleie (ai que palavra feia! Vou mudar: unte) as narinas gentilmente. Pronto. Tá lindão, pode sair pra farrear!

Em tempo, jalaneti é extremamente indicado para pessoas que moram em cidades grandes e poluídas. Conhece alguém nestas condições? Rs.........

terça-feira, 16 de agosto de 2011

No próximo domingo...

...estaremos todos no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, prestigiando o Yoga pela Paz 2011.
Vem também. Vai ser legal.



21 de Agosto
Gramado próx. ao Auditório do Ibirapuera, Av. Pedro Álvares Cabral - Portão 2
Aberto ao público, não é necessária inscrição.

10h às 11h – Apresentação Musical de Prem Joshua
A banda internacional de Prem é um exemplo vivo da efervescente cena musical indiana e hoje se destaca como uma das melhores bandas de world music de seu país.

11h às 11h40 – Aula de Yoga
Prática simples para vitalizar o corpo e acalmar a mente.

11h45 às 12h – Abertura com Márcia De Luca e Fran Abreu

12h às 12h30 – Meditação Coletiva
Atividade que inspirou o nascimento do evento, na qual a multidão de participantes, conduzidos por Márcia De Luca, medita com intenções de paz. Os efeitos benéficos dessa atividade são comprovados pela física quântica e diminuem a violência na cidade.

12h30 às 14h – Apresentação com Krishna Das
Krishna Das é um dos grandes nomes internacionais da kirtan music – música de tradição hindu caracterizada pela repetição melódica de mantras. O carisma e talento de Krisha Das – que é adepto do Bhakti Yoga ou Yoga da Devoção – são comprovados pelo sucesso dos seus CDs e apresentações em salas de espetáculo e centros de Yoga ao redor do mundo.

Visita importante!

Hoje recebi uma visita linda e importante:


Quanto tempo faz que você não vê uma joaninha?
O dia está cheio de surpresas maravilhosas!

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Promessa é dívida!

... e como eu havia prometido aqui ó, fui atrás, lí e conto pra vocês:

Alexandra, Jane e Sukie são mulheres divorciadas. E como tal, são um perigo para a cidade de Eastwick. Afinal, ser mulher e divorciada em uma cidade pequena era mais ou menos como jogar Banco Imobiliário; depois de algum tempo, você acaba caindo em todas as casas. (p. 32)

Não é muito John Updike???

É uma sátira sobre bruxaria e cidadezinhas mega conservadoras - e como essas duas coisas se relacionam. Mulheres empodeiradas, relapsas como mãe ou donas de casa, amantes fervorosas, produtoras de amuletos e sabás... numa cidade provinciana!

Daí que aparece um personagem muito sinistro e se envolve com as três bruxas. E parece que esse relacionamento desperta o que há de pior nelas... e tome feitiços contra todos aqueles que de alguma forma as atrapalham ou irritam... (by the way, essas partes são hilárias! A pastora, no meio do discurso de domingão na igreja, cuspindo mariposas, sensacional!!!!)

Mas elas extrapolam nas maldades, e isso acaba separando a irmandade do vórtice de poder. Daí cada uma "produz" um marido novo e foge de Eastwick. For good.

Ácido.

As bruxas de Eastwick
John Updike
Ed. Companhia de Bolso
354 páginas

Ou seria o meu...?!

"O cérebro dela é como o palácio de Versailles: salas e salas de coisas inesperadas."

Fazendo pose, Claire Dederer, p. 50


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Desafio Literário 2011 - Agosto

Pra ler ouvindo essa aqui ó.

Aí eu fui no Centro Cultural Vergueiro, lugar que eu amo de paixão e indico muito pra quem gosta de bibliotecas de sustança. Biblioteca de macho mesmo. De coçar o saco e cuspir no chão. Tá, me empolguei. Desculpem...

Voltando, tava eu lá, lá-lá-lá no CCSP procurando o próximo título do Desafio Literário e eis que me deparo com ela, a mestra, a diva, Lygia Fagundes Telles. O tema deste mês é clássico da literatura brasileira.

Eu olhando pra Lygia, ela olhando pra mim.

Não teve jeito... me atraquei com As meninas. Não tô contando nenhuma novidade pois já andei espalhando citações do texto por aí, né incauto leitor?

Voltando (de novo). Que jeito incrível de escrever. Três personagens tão gente como a gente: Lorena, menina mimada que vive na concha. Limpinha, fofinha, perfeitinha. Aí você pensa "nossa, que chatinha!" mas eu digo que não é não, viu? Dei muitas risadas com o estilo de vida da Lorena Vaz Leme. Meio avoada... me lembrou alguém... enfim, tem a Lia de Melo Schultz, de repente se descobriu guerrilheira e começou a se preocupar com a repressão, a revolta, e os amigos sendo presos e torturados... e depois tem Ana Clara da Conceição, vulgo Ana Turva, linda e judiada pela vida, perdidona entre drogas e muito sexo.

As lembranças das meninas atormentam. Elas se sentem tão adultas... e estão tão desamparadas... num pensionato cercadas por freiras, a faculdade em greve e tanto tempo livre... a ditadura, a vida plástica da burguesia, o sofrimento dos que vêm de baixo, corroendo os pensamentos e a forma delas encararem os caminhos que se apresentam à frente.

Daí uma sublima, a outra se rebela, e a terceira se consome.

A ironia do romance é que toda menina tem um quê das três em algum momento da vida. Ás vezes precisamos fingir que o mundo é cor de rosa com dourado, pra aguentar a dureza da realidade. Outras tantas vamos nós levantar bandeiras e seguir enfrentando tudo e todos - mesmo sem saber exatamente o que se enfrenta. E por fim, algumas vezes, desistimos. E lá estão as amigas pra ajudar a levantar.

A estória toda é muito boa. Mas realmente desbundante é o jeito Lygia Fagundes Telles de escrever. Desde Ciranda de Pedra (que foi o 1º dela que tive o prazer de devorar) ela me envolve de um jeito que não sei explicar direito... é uma escrita fácil, de palavras que se encaixam com perfeição, como se o pensamento do personagem fosse exatamente o meu!

Lygia, ti amu.

As meninas
Lygia Fagundes Telles
Ed. Nova Fronteira - 28ª edição (vigésima oitava!!!)
260 páginas

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Pra fora!


As vezes é necessário expandir... pra não explodir!

Pra isso a gente tem hobbies. Eu, exagerada que sou, tenho vários... e nesse dia tão bipolar (faz sol, aí chove, então venta, e sol de novo) resolvi ficar em casa, na minha, tranquila. Eu, minhas cores e alguma bagunça.

Muito bom passar um tempo comigo mesma. Você tem esse hábito? De ficar consigo, se curtindo, fazendo algo só porque gosta, sem nenhum objetivo aparente?

Tenho citações pra uma vida, depois de Lygia...

"Sinto meu olhar tão triste que me comovo com ele, estou me comovendo comigo mesma e isso não é saudável."

L. F. Telles, As meninas, p. 228

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Esses dias tão invernais...

... e se na sexta eu acordei com a Amélia no corpo, domingão foi dia de encarnar a Dona Benta!!!

Me levantei com o forte propósito de desenferrujar meus dotes culinários e comer algo saudável depois de tantos dias enrolando o corpo com coisas rápidas e fáceis e que se acumulam onde não devem: nas artérias...

Daí que legumes e verdumes viraram uma bela sopa num dia de inverno!


Gentem, eu AMO sopa. Acho o máximo o inverno porque posso comer todas essas comidas de doente (segundo D. Zezé) que curto: sopas, mingaus, chás...

 E é tão fácil de fazer! Pica tudo, refoga tudo, taca água e turbina com especiarias - eu gosto com uma pitadinha de curry, um pedaço de gengibre e alguns cravinhos da índia.

Ah, e com trilha tudo fica ainda melhor, of course. Essa sopinha foi feita ao som do Alceu!


E esse solzim de inverno, hein?! Mega blaster ultra sensacional...


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Fazia tempo que não lia algo tão sexy...

"Assisti de uma esquina enquanto tomava um copo de leite: um homem completamente banal com um pêssego na mão. Fiquei olhando o pêssego maduro que ele rodava e apalpava entre os dedos, fechando um pouco os olhos como se quisesse decorar-lhe o contorno. Tinha traços duros e a barba por fazer acentuava seus vincos como riscos de carvão mas toda a dureza se diluía quando cheirava o pêssego. Fiquei fascinada. Alisou a penugem da casca com os lábios e com os lábios ainda foi percorrendo toda sua superfície como fizera com a ponta dos dedos. As narinas dilatadas, os olhos estrábicos. Eu queria que tudo acabasse de uma vez mas ele parecia não ter nenhuma pressa: com raiva quase, esfregou o pêssego no queixo enquanto com a ponta da língua, rodando-o nos dedos, procurou o bico. Achou? Eu encarapitada no balcão do café mas via como um telescópio: achou o bico rosado e começou a acariciá-lo com a ponta da língua num movimento circular, intenso. Pude ver que a ponta da língua era do mesmo rosado do bico do pêssego, pude ver que passou a lambê-lo com uma expressão que já era sofrimento. Quando abriu o bocão e deu o bote, que fez espirrar longe o sumo, quase engasguei no meu leite. Ainda me contraio inteira quando lembro, oh Lorena Vaz Leme, não tem vergonha?"

As meninas, Lygia Fagundes Telles, p. 8 e 9

Quem sabe um dia eu consiga chegar nessa magnificência de escrita...

Esse aqui que colou no cérebro, agora.



Jaya jaya Shiva Shambo
Jaya jaya Shiva Shambo
Mahadeva Shambo
Mahadeva Shambo

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Você é feito de que?


"Quando eu tiver dinheiro, farei isso. Quando eu tiver saúde, farei aquilo. Quando eu tiver tempo, serei feliz."
Você é feito da esperança...

"Se isso tivesse acontecido eu faria aquilo. Talvez seria diferente, caso ele tivesse concordado, caso ela tivesse negado. E quem sabe assim eu seria feliz."
Você é feito de conformismo...

"Esse dia começou mal. Esse trânsito me atrapalha. Essa pessoa me irrita. Essa comida não é bem o que eu quero. Não dá pra ser feliz assim."
Você é feito de negação...

"Ontem eu tinha o que precisava. Mês passado minha vida era perfeita. Quando eu era criança todos me amavam. Eu era feliz."
Você é feito de saudosismo...

E então, você é feito do passado ou do futuro?

Não estranhe a pergunta. Dificilmente estamos plenos de consciência, sentindo o ar que respiramos e percebendo o trabalho que estamos desenvolvendo neste exato minuto. Porque a mente, esse bichinho cheio de energia, está sempre se refugiando na imaginação do que poderá acontecer ou revivendo (e corrigindo) situações que já passaram. Pior, vai alternando de um estado para o outro, da imaginação para a recordação, e quando você fixa o olhar já é hora de dormir. O dia passou e você não sentiu.

E o coitado do corpo segue tentando acompanhar os pensamentos... se preparando para enfrentar situações que você cria na cabeça - e nem se concretizam. Comendo sem sentir gosto, se deslocando sem perceber o caminho, falando com todos sem absorver nada.

O corpo não sabe o que é real. Quer ver? Imagine-se neste exato instante beijando apaixonadamente aquela pessoa que te encanta. Você fechou os olhos... as pernas amoleceram de leve... talvez o coração tenha até acelerado um cadinho. Percebe? O corpo vai na onda da mente! Para o bem ou para o mal.

O antídoto já foi dado. Está na Bíblia (vigiai pois não sabeis quando virá o Senhor). Está no Bhagavad Gita (Quando um homem renuncia aos desejos dos sentidos engendrados pela mente, obtendo contentamento unicamente no Eu, diz-se então que alcançou a consciência divina). E certamente se encontra em muitos outros livros de sabedoria. As palavras podem ser diferentes, mas o sentido é o mesmo: esteja presente.

Concentre-se em pequenas ações para ir se acostumando à essa nova forma de ver o mundo: quando acordar, espreguice o corpo lentamente, sentindo os músculos destravarem após tantas horas inertes. Ao escovar os dentes volte sua atenção ao gosto da pasta, à sensação da espuma na língua, aos movimentos do braço. Durante as refeições procure saborear a comida, percebendo o gosto de cada um dos alimentos.

Devagar e sempre. O mundo anda muito apressadinho.

E principalmente, trabalhe com amor. Pois já avisou Clarice: "até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro."

La petite mort

As dobras do corpo escondem segredos
que escorrem na língua e queimam a garganta...
os cheiros evaporam entre os dedos
que marcam a pele, tatuando o desejo de rasgar a carne
e chegar no profundo da alma,
na dissolução do corpo.


terça-feira, 2 de agosto de 2011

A chuva

Fecho os olhos e deixo o pensamento ir embora com a chuva... o vento correndo solto pelo meu rosto... recordo do seu cheiro inebriante... dos seus dedos na minha nuca... de um momento estático no infinito.

Adele canta no rádio. Você sorri tão livre e eu tento gravar seu rosto, agarrando seu gosto na memória.

Temos a leveza da vida escorrendo pela vidraça... a sutileza dos suspiros ecoando numa noite clara, num abraço úmido... num beijo inesperado.

Vou além da paisagem molhada e abro os olhos, refletindo na vidraça os lábios entreabertos num sorriso tranquilo.


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

3 coisas que eu amo e 1 coisa que eu odeio

Amo barulhinho de chuva pra dormir...


Amo demais me apaixonar por sons novos...
 

Aaaaaaaaaamo escovar os cabelos antes de dormir...


... e odeio meus joelhos sempre roxos!



Zoneando

Não é interessante como dentista mete medo até nos personagens ficcionais? Tá lá o Poirot se tremendo todo e que não me deixa mentir! :)

O problema é que após bagunçar o respeitável bigode de nosso herói, o dentista é assassinado. E o culpado poderia ser qualquer um dos clientes, não? Siiiiiiim!

E quem são eles? Um espião, um grego encrenqueiro, um banqueiro respeitável, uma senhora muito mal ajambrada, o namorado da secretária, os clientes do outro dentista... enfim, uma galera.

Aí a Scotland Yard entra em cena e diz que o moço se suicidou. Poirot fica com a pulga atrás da orelha, mas ok. Logo em seguida o grego encrenqueiro morre - excesso de anestesia. Taí o motivo pro suicídio do dentista: quando o cara percebeu a meleca que tinha feito, se matou. A pulga continua lá... e o nosso belga preferido resolve fazer umas investigaçõezinhas por conta...

Aí que as coisas ficam meio nebulosas. Dona Agatha quer porque quer intrigar a gente com uma conspiração internacional. A senhora mal ajambrada desaparece e tudo indica uma revolução amalucada... e no meio tem casal que se ama loucamente e não pode ficar junto, empregadas que viram mas não dizem o que viram... uma pequena zona.

Dona Agatha faz isso as vezes... vai zoneando tudo, até você desistir de tentar entender. Daí, quando você entrega os pontos, ela diz "veja como é simples a solução". E você pensa "mas era só isso????".

É, não é tudo isso não.

Uma dose mortal
Agatha Christie
Ed. Nova Fronteira - 9ª edição
166 páginas

E não é?


"Certa vez perguntaram ao físico Albert Einstein por que o homem tinha dominado o ciclo do átomo e não tinha conseguido impedir a bomba atômica, e ele respondeu: 'meu filho, é porque a Física é uma ciência muito mais simples do que a política'".