terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Pobre Firmin!

Um leitor voraz num corpinho de rato...

Estive no Centro Cultural no domingo passado, renovando as leituras da quinzena. Me apaixonei pela capa de Firmin, veja você:


Claro que não só de capa se escolhe um livro então fui consultar as orelhas - muito bem escritas, por sinal. E tive que trazê-lo comigo. No mesmo domingo, meio resfriada, lí todim.

É mais ou menos assim: um ratinho nasce entre outros 12 num canto do porão de uma livraria. Quis o destino que esse ratinho desenvolvesse um comportamento quase humano quando começou a comer as páginas dos livros. Desse saborear literal ele aprende a saborear as palavras, a entendê-las, e daí passa a ler todos os livros que pode.

Um rato literato. Ui.

E ele se identifica com o dono da livraria. Passa a frequentar um cinema próximo, onde se apaixona por Ginger Rogers enquanto sonha que é Fred Astaire, produz diálogos imaginários entre ele e os homens que conhece, e começa a se questionar a respeito da vida.

Eu achei que é um livro que emociona. Firmin demonstra uma sensibilidade meio patética e um entendimento meio deprimente do que é a sua vida. Muito humano mesmo. E tem algumas passagens muito boas, por exemplo no início do romance quando ele se indaga a respeito de como começaria  a sua autobiografia "(...) concebia a primeira frase como uma espécie de útero semântico cheio de atarefados embriôes de páginas não escritas e brilhantes pepitas de genialidade praticamente pedindo para nascer." (p. 10). Ou ainda mais pra frente "Se existe uma coisa para qual a formação literária contribui bastante é para proporcionar um agudo senso de fatalidade. Nada consegue minar tanto a coragem de uma pessoa quanto uma imaginação prodigiosa" (p. 61).

Firmin faz reflexões tão profundas...

E tem algumas ilustrações bem bacaninhas, de Fernando Krahn:



É uma boa leitura de final de semana.

Ficha técnica:

Firmin
Sam Savage
Editora Planeta
2008
Nota: 7/ 10

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