Estive no Centro Cultural no domingo passado, renovando as leituras da quinzena. Me apaixonei pela capa de Firmin, veja você:
Claro que não só de capa se escolhe um livro então fui consultar as orelhas - muito bem escritas, por sinal. E tive que trazê-lo comigo. No mesmo domingo, meio resfriada, lí todim.
É mais ou menos assim: um ratinho nasce entre outros 12 num canto do porão de uma livraria. Quis o destino que esse ratinho desenvolvesse um comportamento quase humano quando começou a comer as páginas dos livros. Desse saborear literal ele aprende a saborear as palavras, a entendê-las, e daí passa a ler todos os livros que pode.
Um rato literato. Ui.
E ele se identifica com o dono da livraria. Passa a frequentar um cinema próximo, onde se apaixona por Ginger Rogers enquanto sonha que é Fred Astaire, produz diálogos imaginários entre ele e os homens que conhece, e começa a se questionar a respeito da vida.
Eu achei que é um livro que emociona. Firmin demonstra uma sensibilidade meio patética e um entendimento meio deprimente do que é a sua vida. Muito humano mesmo. E tem algumas passagens muito boas, por exemplo no início do romance quando ele se indaga a respeito de como começaria a sua autobiografia "(...) concebia a primeira frase como uma espécie de útero semântico cheio de atarefados embriôes de páginas não escritas e brilhantes pepitas de genialidade praticamente pedindo para nascer." (p. 10). Ou ainda mais pra frente "Se existe uma coisa para qual a formação literária contribui bastante é para proporcionar um agudo senso de fatalidade. Nada consegue minar tanto a coragem de uma pessoa quanto uma imaginação prodigiosa" (p. 61).
Firmin faz reflexões tão profundas...
E tem algumas ilustrações bem bacaninhas, de Fernando Krahn:
É uma boa leitura de final de semana.
Ficha técnica:
Firmin
Sam Savage
Editora Planeta
2008
Nota: 7/ 10
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