terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O desafeto de Deus

He is the man, don´t you think?

Eu acho. Toda vez que leio Saramago eu fico assim, fissurada no sarcasmo e no lirismo de suas passagens. O cara é gênio.

Caim era um livro que eu estava namorando desde o lançamento... e só agora consegui ler. Extasiada, diga-se de passagem.

Conta a estória do Caim (dãnn!), que depois de assassinar seu irmão Abel faz um acordo com deus porque afinal de contas, a culpa do assassinato é de deus, claro. Quem mandou ficar escolhendo oferenda?

A partir daí temos várias passagens da bíblia recontadas do ponto de vista Saramaguistico.

Caim conhece e vira o amante preferido de Lilith, a primeira mulher. Depois sai andando e dá de cara com a torre de Babel já zoneada pela confusão das línguas, depois encontra Abraão e o impede de matar o filho Isaac (o anjo se atrasou). Depois assiste a destruição de Sodoma e Gomorra, e então vai trabalhar para Jó até que este começa a ser testado pelo demo e se lasca, e finalmente conhece Noé e acaba dando um jeito de entrar na arca, onde se vinga definitivamente de deus.

Tá certo que a igreja e os católicos apostólicos romanos fervorosos e afins excomungaram o autor... mas gente, desculpa, eu achei que o livro é hilário!!! Quase fiz xixi nas calças lendo algumas passagens...

Saramago transfere as características dos deuses da mitologia grega para o deus que conhecemos através da igreja romana. Então a entidade apresentada no livro é orgulhosa, vingativa, e não entra em batalha perdida.

Eu tinha separado algumas linhas para transcrever procês, mas perdí o marcador. E quem já leu Saramago sabe que é impossível achar algum pedaço específico no meio do texto. Como parágrafo faz falta!

Todo mundo deveria ler Saramago do jeito que é: um romance muito bem escrito. E só. Não é um tratado científico... e até Deus tem senso de humor.

Aaaaaaaaaaaaaamei.

Caim
José Saramago
Companhia das Letras
1ª edição - 2009

Um comentário:

  1. Pois é, Dani, Saramago era especial por muitas coisas.
    Por não acreditar em Deus, por achar isso algo totalmente desnecessário.
    E por não acreditar em parágrafos pelo mesmo motivo.
    Até mais.

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