segunda-feira, 19 de março de 2012

Sunny days are coming

Verdade, demorei muito. Mas quando o livro não é em português, eu posso tá? Tem que ler mais devagar... tem frase que tem que ser lida duas vezes pra dar sentido... e tem hora que o pai dos burros (vulgo dicionário) é convocado. Aprendizado, gente linda.

E ontem a noite, finalmente e com uma certa dor no coração, finalizei Solar, de Ian McEwan. Como já tinha disparado antes por aqui, me diverti demais. Realmente não conhecia essa ironia fina do autor. O estilão é o mesmo de sempre, bem construído, fácil de visualizar, enredo daqueles que agarram. Mas ao propôr um protagonista tão imperfeito, bem, você acaba torcendo por ele e se esquece um pouco da densidade toda.

Michael Beard é um cientista gordo, preconceituoso, machista, mulherengo, fraco. Ganhou um prêmio Nobel há muito tempo e vive desse reconhecimento. Segue numa vidinha medíocre, traindo a quinta esposa (como fez com as quatro anteriores) e existindo sem muitas ambições.

Daí a quinta esposa resolve pôr-lhe um belo par de chifres. Daqueles bem públicos e vistosos! Beard dá uma surtadinha básica e.... quebra! Ô homenzinho desprezível... enquanto decide o que fazer da vida ele começa a trabalhar num grande centro de pesquisas governamental, onde conhece Tom Aldous, um jovem e simpático cientista preocupado com o aquecimento global.

Beard, que segue vivendo da sua empáfia, recebe um convite para participar de um evento no Ártico e ao voltar encontra o jovem Tom Aldous de roupão na sua sala. Como é? Ooooh yeeeaaah, a quinta esposa ataca novamente! Quando ele ameaça o jovem de defenestração do centro de pesquisas governamental, Tom se desespera e, ao tropeçar no tapete de pele de urso, cai e bate a cabeça na mesa. E morre. Lascou-se.

Acha que o nosso herói assume isso? Claro que não! Rapidinho acha outro pra botar a culpa e se livra do "assassinato acidental". Espertinho. Além de mandar outro cara pra prisão (by the way, o outro amante da quinta esposa), Beard se apropria das pesquisas de Aldous e aqui o romance avança alguns anos, quando vemos nosso gordinho arrogante montando toda uma parafernália que irá gerar energia limpa e salvar o mundo do aquecimento global, se preparando para ganhar mais um nobel.

Dizendo assim não dá pra acreditar que cria-se empatia pelo cara, né? Mas a narrativa em 3a pessoa descrevendo os processos mentais do personagem, bem, ás vezes é tão absurdo que vai te fazer rir. Como quando ele diz que o sócio dele deve relaxar, porque a catástrofe mundial é inevitável - e os negócios deles irão prosperar por conta disso. Ou quando ele tece comentários absurdamente caricatos e machistas a respeito de mulheres na ciência e acaba sendo agredido por milhares de ativistas.

É um coitado, sabe. E Ian McEwan segue como um dos meus autores ingleses preferidos!

Solar
Ian McEwan
Vintage UK
283 páginas

Prometo que a próxima resenha vem mais rapidim. Afinal, é Agatha, minha gente!!!

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