quinta-feira, 29 de março de 2012

Vale compartilhar


O Silêncio é um aliado

Nós os índios, conhecemos o silêncio...
Não temos medo dele.
Na verdade, para nós ele é mais poderoso do que as palavras.
Nossos ancestrais foram educados nas maneiras do silêncio.
E eles nos transmitiram este conhecimento.
Observa, escuta, e logo atua, nos diziam.
Esta é a maneira correta de viver.
Observa os animais para ver como cuidam de seus filhotes.
Observa os anciões para ver como se comportam.
Observa o homem branco para ver o que querem.
Sempre observa primeiro, com o coração e a mente quietos.
E então aprenderás.
Quando tiveres observado o suficiente, então poderás atuar.
Com vocês, brancos, é o contrario.
Vocês aprendem falando.
Dão prêmios às crianças que falam mais na escola.
Em suas festas, todos tratam de falar.
No trabalho estão sempre tendo reuniões, nas quais todos interrompem a
todos, e todos falam cinco, dez, cem vezes.
E chamam isso de 'resolver um problema'.
Quando estão numa habitação e há silencio, ficam nervosos.
Precisam preencher o espaço com sons.
Então, falam compulsivamente, mesmo antes de saber o que vão dizer.
Vocês gostam de discutir.
Nem sequer permitem que o outro termine uma frase.
Sempre interrompem.
Para nós isso é muito desrespeitoso e muito estúpido, inclusive.
Se começas a falar, eu não vou te interromper.
Te escutarei.
Talvez deixe de escutá-lo se não gostar do que estas dizendo.
Mas não vou interromper-te.
Quando terminares, tomarei minha decisão sobre o que disseste, mas não te
direi se não estou de acordo, a menos que seja importante.
Do contrario, simplesmente ficarei calado e me afastarei.
Terás dito o que preciso saber.
Não há mais nada que a dizer.
Mas isso não é suficiente para a maioria de vocês.
Deveriam pensar em vossas palavras como se fossem sementes.
Deveriam plantá-las, e permiti-las crescer em silêncio.
Nossos ancestrais nos ensinaram que a terra esta sempre nos falando, e que
devemos ficar em silêncio para escutá-la.
Existem muitas vozes além das nossas.
Muitas vozes.
Só vamos escutá-las em silêncio.

O homem branco fala: penso, logo existo.
O xamã ensina: sinto, logo compreendo!

Anauê!

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