Sándor Márai era húngaro. Achei tão chique isso... acho que é o primeiro escritor húngaro que leio em minha longa vidinha. Prazer, Daniela Neves.
Conta a história de dois amigos de infância, crescendo juntos, unha e carne. Como pano de fundo uma Hungria praticamente feudal. O cenário principal é o castelo onde mora o general, protagonista e narrador do enredo.
O general era um menino prático, inocente, de uma familia nobre e muito bem de vida. O amigo, Konrad, também era nobre mas de uma pobreza ímpar, e demonstrava uma natureza artística, atormentada, extremamente musical. Os meninos eram diferentes, porém inseparáveis.
Os dois se conhecem na escola militar. Konrad segue a carreira para agradar aos pais e vai se privando de tudo por falta de grana. O general cresce curtindo a vida social agitadíssima. Quer carregar o amigo pelas coisas boas da vida mas ele não aceita, orgulhoso.
As brasas é um monólogo monumental. O ápice da história é quando os dois amigos se reencontram, após 41 anos de separação total. E por conta de que? Adivinha por que os amigos se separaram??? Tem uma chance!
Mulher, claro!!!
O general apaixona-se e casa-se com Krisztina, uma mulher de personalidade tão forte quanto à de Konrad. Passam os três a conviverem juntos. Como isso não tinha como dar certo, e não deu mesmo, o amigo foge. Some no mundo sem nem dar tchau. Krisztina, renegada pelo marido e pelo amante, acaba morrendo. E o general... bom, o general vai azedando igual limão.
A vida dele é esperar o reencontro com o amigo, e tentar entender what the hell aconteceu com a relação deles todos. E eis então o monólogo monumental, quando Konrad volta e o general despeja toda a filosofia que foi tecendo sobre amizade, paixão, vingança, solidão... tudo o que mastigou e digeriu por 41 anos.
Daquela fogueira que foi a amizade sincera, o amor intenso dos dois meninos, sobraram as brasas...
Achei a história bem romântica. Sabe, esse papo de ficar esperando o amigo voltar pra tirar satisfação depois de tanto tempo... é como se o grande amor da vida dele fosse o amigo e não a mulher que o traiu.
Li algumas outras resenhas que exaltam a amizade sincera dos dois, mas na minha humilde opinião essa amizade era uma maquiagem bem grotesca para a inveja de Konrad que no fundinho ansiava pela liberdade do amigo mais endinheirado. Quanto ao general, este sim abriu seu coração inocentemente e foi engolido pelas paixões mundanas enquanto o amigo fugia.
O reencontro não responde à nenhuma pergunta do general, porém expôr as suas reflexões profundas o alivia e liberta.
Não é uma obra prima mas vale a leitura!
As brasas
Sándor Márai
Companhia das Letras
1999
164 páginas
Nota: 7/ 10
Querida Dani!
ResponderExcluirEstamos lendo os mesmos livros!! Legal!
Eu adoro Sandor Marai!! E amei "As Brasas". Ele é um dos meus escritores favoritos! A capacidade que ele tem para refletir sobre as relações humanas é maravilhosa!
Recomendo-te ler: “ A mulher justa” dele também!!
Copio nossos comentários sobre este livro para compartilhar com vocês!
http://nossoclubedeleitura.blogspot.com/2009/11/dezembro-de-2009-sandor-marai.html
Com Pantaleão vai dar risada!!
Um abraço e tomara que a gente se veja pronto!
Gaby